Helen Mirren, a atriz britânica vencedora do Oscar por "A rainha" (2006), que já interpretou monarcas, aristocratas e uma modelo de meia-idade para um calendário, finalmente conseguiu o papel que seu coração há muito desejava: uma francesa. 

No filme "The hundred-foot journey", que estreia nesta sexta-feira (8) mês nos Estados Unidos, Mirren assume o semblante sisudo de Madame Mallory. A personagem é a proprietária de um restaurante com estrelas do guia Michelin no sul da França. Ela entra em conflito com uma família indiana que passa a administrar um restaurante outro lado da rua. 

 Com produção de Steven Spielberg e Oprah Winfrey, o filme tem direção do sueco Lasse Hallström, o mesmo de "Gilbert Grape: Aprendiz de sonhador" (1993), "Chocolate" (2000), "Sempre ao seu lado" (2009) e "Querido John" (2010), dentre outros. A história adapta o romance de mesmo nome escrito por Richard C. Morais e publicado há quatro anos.

Aos 69 anos, Mirren falou à Reuters sobre o novo papel e sobre como escolhe seus papéis. Diz que acha mais fácil encarar a críticas aos filmes do que às peças de teatro.

O que a atraiu neste filme? 
Havia um monte de atrativos. O primeiro telefonema foi de Steven Spielberg. É aquele momento clássico [sussurra]: "Steven Spielberg! Oh, sim!".

E então, muito rapidamente vieram todos os tipos de benefícios: Ele seria filmado na França; eu poderia interpretar uma francesa – eu sempre quis interpretar uma francesa. É uma história maravilhosa, leve e cômica, mas uma história séria. 

O que é tão intrigante sobre interpretar uma francesa?
Eu falo francês muito bem. Eu amo a França. Eu já trabalhei na França, no teatro, e eu sempre quis ser uma atriz francesa. Não uma atriz britânica ou norte-americana, eu queria ser francesa ou uma atriz italiana. Não dá, então isso é o mais próximo que eu poderia chegar.

Eu gosto da maneira que os franceses encaram as mulheres e eu gosto da maneira como as mulheres são abordadas em filmes franceses. Parece haver uma sofisticação, um requinte e uma realidade e uma complexidade sobre personagens femininas em filmes franceses que você não costuma encontrar em filmes de língua inglesa. 

Qual a complexidade do seu personagem?
Só o fato de ela administrar um restaurante... Ela é uma mulher de substância, ela é uma mulher muito teimosa, mas ela é fundamentalmente decente, mas com uma mentalidade bem francesa sobre a maneira correta de fazer as coisas. Os franceses podem ser muito rigorosos sobre o que significa ser francês. Mas quando no filme isso se traduz em nacionalismo ou racismo, ela entende o problema nisso. 

Como você escolhe os seus papéis? 
Depende do que eu tenha acabado de fazer e, geralmente, o que eu escolho a seguir é uma reação contra o que eu acabei de fazer para tentar encontrar algo um pouco diferente. Onde é, como é o papel e com quem eu vou trabalhar.

Você tem uma preferência por trabalhos em filmes ou palco?
Eu prefiro filmar hoje em dia, só porque o teatro é tão desgastante e te consome tanto. Você não pode ir a lugar algum ou fazer qualquer coisa e parece que não tem fim... A cada dois ou três anos, me organizo para fazer teatro de novo, porque é muito assustador se você deixá-lo por muito tempo, você acaba perdendo o controle dos nervos. 

or que teatro a deixa nervosa?
A coisa boa é que, se um filme recebe críticas terríveis, você diz: "Bem, não é minha culpa." No teatro, você tem de se levantar e ir lá fazer, sejam críticas positivas ou negativas. Isso é psicologicamente difícil. Eu amo filme. Eu amo o fato de que você realmente não tem ideia se ele está funcionando ou não. 

Existem diferenças entre fazer filmes norte-americanos e britânicos?
Na verdade, não. O figurinista é o mesmo na França, Itália, Alemanha, Austrália. O diretor de fotografia é o mesmo cara. O cineasta sempre usa uma jaqueta de couro, seja homem ou mulher, sempre. Eles são os mesmos personagens. É engraçado. E os jornalistas são sempre como você