Tragédias que marcaram a carreira de Naldo ocupam boa parte do livro autobiográfico "Cada vez eu quero mais". A obra com texto curto sobre a vida do cantor carioca chega às lojas no dia 8 de agosto, pela editora Planeta. O assassinato do irmão e ex-parceiro Lula, em 2008, e o acidente fatal com Claudinho, que cantava com Buchecha, em 2002, são lembrados entre os reveses sofridos pelo funkeiro.
Em "Cada vez eu quero mais", o cantor fala sobre a carreira musical e sobre a vida pessoal. Mas ele ignora o casamento com Ellen Cardoso, a Mulher Moranguinho. Os dois chamaram atenção, no final de 2013, ao fazerem uma cerimônia em que só os convites custaram R$ 25 mil. O texto também não fala do casamento anterior, com Brankka Silva, mas é citado o filho do casal, Pablo Jorge.
"Cada vez eu quero mais' não é uma biografia. O livro conta algumas histórias da vida do Naldo. Histórias de luta, de superação, amor à família e determinação na meta profissional", disse Naldo ao anunciar o livro.
Zeca Camargo escreve um texto na contracapa. "Porque ele é poderoso, é carismático e é do bem. Seu poder vem da sua determinação - aquela que desde pequeno diz a ele para melhorar, para ser um artista mais completo, um ser humano melhor", diz o apresentador sobre Naldo.
Claudinho e Lula
Um dos trechos mais fortes fala sobre a morte de Claudinho, em período em que a dupla comBuchecha ajudava Naldo e Lula, levando os amigos em turnê. As duplas voltavam de um show em Lorena (SP), em viagem na Rodovia Presidente Dutra. A maior parte da equipe estava em uma van, mas Claudinho resolveu ir em seu carro, que bateu na Serra das Araras, na altura de Seropédica (RJ).
"No dia fatídico, já em 2002, eu tinha ido com o Buchecha na van para o show, então achei que na volta devia acompanhar o Claudinho. Cheguei a levantar o banco para entrar, mas ele me disse para voltar na mesma van, ele ia ficar numa boa. (...) Alguns quilômetros depois estávamos conversando quando vimos o Golf destruído junto a uma árvore. Foi horrível", lembra Naldo.
Três anos depois, foi Naldo quem perdeu seu parceiro de dupla, o irmão Lula. "Passei duas noites sem dormir à procura dele, e nada, até ser avisado de um corpo no IML, carbonizado, mas com características que combinavam com as dele. Fui o primeiro a chegar para o reconhecimento e o único a entrar para vê-lo. (...) Não perdi meu irmão num acidente, ele foi assassinado, brutalmente assassinado", diz no livro. Ele não fala sobre o motivo do crime.
Sucesso e infortúnios
A narrativa se alterna entre o grande sucesso a partir de 2012 e as dificuldades do início. O artista teve infância pobre em comunidades da Maré, no Rio de Janeiro. O livro fala sobre brigas com filhos de traficantes da região. Naldo diz ter se recusado a entrar para o crime organizado, e lembra trabalhos de engraxate e açougueiro antes de se tornar músico profissional.
A trajetória na indústria tem oportunidades perdidas até o sucesso nacional em carreira solo com "Amor de chocolate", em 2012. Na década passada, Naldo e Lula perderam contratos com duas grandes gravadoras, EMI e BMG, mesmo com boas expectativas de venda. Em "Cada vez eu quero mais", Naldo atribui os rompimentos a brigas entre as companhias e diretores artísticos, o que acabou prejudicando a dupla.
Nas 70 páginas de texto, com cerca de três parágrafos por página, não há espaço para um relato detalhado sobre a carreira e a vida. Nas 32 páginas de imagens em preto e branco, o livro também deixa a desejar, com fotografias em baixa qualidade do início da carreira. Mas o conteúdo basta para marcar os extremos de Naldo e seus "caminhos tortuosos", como define Zeca Camargo.