O menino ajoelhou-se no asfalto da noite vazia de sons. Ao longe ouvia-se o ecoar de passos da miséria residente no entorno. A praça é a Dois Leões, no bairro de Jaraguá em Maceió,AL, e o menino raquítico e preto- seria um adolescente desnutrido (??) - reinava soberano na sua arte dramática da comoção alheia.
Menino@s de rua -ou na rua - tem aprendido com o mundo, a regra da sobrevivência. Dramas hediondos ou lacrimejantes assumem postura em suas falas na mendicância do vil metal.
Tia me dá dois reais- pede o menino.
Ouço o pedido e penso no abandono social de meninos pobres e pretos que no país mais negro do planeta é plural. O racismo constrói situações e condições sociais ,políticas e culturais que demarcam trilhas do nada ser.
A esses meninos abandonados a própria sorte não se pergunta o que vão ser quando crescer. A vida forçosamente os transformam em adultos, com uma maledicência visceral.
É preciso ser safo pra viver por aqui- ecoa mais uma voz ao longe, de outro menino perdido de sua família.
Qual a essência da palavra família para estes meninos órfãos de futuro?
O que são meninos pretos na rua mendigando comida- droga?
O menino preto na busca de dois reais- gentil-abriu a porta do carro em que me fazia carona- para que eu pudesse entrar. Após, aguardou a espera da “gorjeta”.
Dei dois reais a um menino preto vivente das ruas de Maceió e rcebi o alerta:
Ele pede para se drogar com o crack.
E me posto impotente no presenciar a morte gradativamente- seja pela polícia, droga, criminalidade de tant@s e muit@s meninos pretos.
Plano Juventude Viva, em Alagoas?