O fim de ano se aproxima e com ele as tradicionais festas natalinas e de ano novo, que geram custos, grande parte deles bancados pelo tão esperado 13º salário do trabalhador. Mas, passado o período de festas e iniciado o ano seguinte, débitos novos como IPTU, IPVA, matrícula e materiais escolares, além das contas fixas. Diante deste dilema, que se não for bem administrado pode render uma boa dor de cabeça, alagoanos discutem estratégias e um economista dá dicas de como “sair ileso” deste período de tentação.
Segundo uma expectativa do Governo de Alagoas e lojistas, cerca de R$ 200 milhões serão depositados nas contas dos trabalhadores alagoanos e, consequentemente, injetados nos mais diversos comércios do Estado, aumentando assim o poder de compra e o risco permanente de compras a prazo e futuros débitos.
Muitos afirmam que o 13º salário serve para pagar dívidas acumuladas durante o ano e ajuda na entrada do ano seguinte sem débitos. No entanto, as festas natalinas e da virada de ano acabam gerando novos débitos, que prejudicam de forma considerável as finanças no mês de janeiro, que é considerado um mês mais longo, justamente por conta do “aperto” que muitos vivem neste período.
Segundo o economista Silvio Costa, a chave para passar o final de ano tranquilo e o começo do ano seguinte da mesma forma, é fazer um planejamento para os 12 meses. “Sabemos o quanto é difícil fazer esse planejamento, mas é bem mais simples do que parece. De um lado você coloca a sua renda esperada e do outro, as suas despesas fixas como água, luz, entre outros. Dentro disso, você terá um noção do que pode e não pode fazer”, disse.
Outra forma de ajudar nas finanças pode ser a boa e velha poupança, mesmo que em quantidades pequenas. Depósitos mensais podem ajudar no final do ano a reforçar salário e 13º ou até suprir a necessidade das pequenas compras para as festinhas de final de ano.
“Nem todo mundo pode tirar dinheiro do salário do mês para guardar, mas, não é necessário tirar muita coisa. Você faz um depósito de R$ 50 mensal e no final do ano terá R$ 600, que poderá ajudar tanto nas festas de final de ano, como numa emergência, de um pneu que furou, uma TV que quebrou, algo desse tipo e que você não precisará tirar de onde não pode para resolver o problema”, lembrou.
Economizar por sinal, parece ser uma grande solução para a transição de um ano para o outro sem. A Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) sugere a criação de uma poupança especial para as contas do início do ano, como IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e gastos com material escolar ou mesmo matrícula das escolas particulares, que representam grandes custos para o orçamento familiar.
Alagoanos aprendendo a poupar
Depois de vários sofrimentos no início do ano, os alagoanos parecem estar aprendendo a economizar nesta época. O gerente da Federação Alagoana de Futebol (FAF), Junior Beltrão, lembra que nos dois últimos anos este período foi tortuoso, mas que acredita que em 2013 será mais tranquilo.
“Não é sempre que a gente consegue, mas dessa vez eu juntei um dinheiro durante três meses que vai me permitir ficar com mais folga no começo do ano. Em 2011 e 2012 este período foi bem mais complicado”, comentou.
Junior Beltrão, que tem uma filha em idade escolar, lembra que só a escola dos filhos representa grande parte dos gastos de início de ano. “Só na escola temos de pagar matrícula, bolsa, caderno, livro, todo material escolar e isso é pesado, por isso temos de nos programar o quanto antes”, afirma.
De forma antiga, mas eficiente, a decoradora Itaciara Albuquerque lembra como o bom e velho cofrinho pode ajudar a economizar. “Eu e meu esposo cuidamos de todas as outras contas, mas quando se trata do material escolar que sempre preocupa, aderimos ao cofrinho e no começo deste ano ela mesmo escolheu o material, com o dinheirinho dela. Este cofre só colocamos moedas de R$ 1 e temos outro que colocamos de tudo, para ela também”, afirmou.
Pesquisa mostra intenção
Cerca de 62% pretendem usar o 13º salário para pagar dívidas, 1,64% a mais do que em 2012, segundo pesquisa Anefac. Apenas 14% pretendem usar o dinheiro para comprar presentes de Natal, 12,50% menos que no ano passado. O benefício será pago em 30 de novembro e 20 de dezembro.
De acordo com a Anefac, os números mostram que os brasileiros estão com maiores dificuldades financeiras e mais preocupações com os gastos neste ano, reflexo do aumento do endividamento por conta da redução da atividade econômica e da inflação mais elevada. A pesquisa ouviu 612 brasileiros de todas as classes sociais. O levantamento mostra também que 77% dos consumidores têm dívidas no cheque especial e no cartão de crédito, e pretendem usar os recursos do 13º salário para
quitar o débito. Houve redução de 14,29% na quantidade de consumidores com dívidas atrasadas no comércio. O cartão de crédito é a linha com maior peso na composição das dívidas em aberto dos brasileiros, tendo atingido neste ano 41% do total (aumento de 2,50% em relação a 2012).
Por fim, o economista Silvio Costa lembra que é possível curtir as festas de final de ano e cumprir as suas obrigações financeiras no começo do ano, desde que seja seguido o tão falado; planejamento.
“Tudo é possível quando você planeja. Segundo regras básicas de finanças, você pode sim aproveitar o final do ano e suas festinhas e entrar 2014 sem débitos”, finalizou.