Foram 30 anos de trabalho para resumir os quase 70 anos de vida do ator e cineasta Amácio Mazzaropi. As memórias sobre o artista estão presentes no livro '100 anos depois – A história de Mazzaropi (Editora Nelpa, 2013)', lançado no mês de setembro pelo escritor José Daher, de 53 anos, mais conhecido como 'Zé Paraibuna'.
O autor, que mora em Paraibuna (SP), começou a escrever a biografia logo após a morte de Mazzaropi, motivado pela amizade e pelo centenário do artista, comemorado no ano passado. “Percebo que o grande fenômeno do Mazzaropi acontece agora. Se você para um garoto de 15 anos na rua ele sabe quem foi Mazzaropi. Até hoje os filmes continuam a ser vendidos e são exibidos na TV”, afirma.
Segundo Zé Paraibuna, seu contato com Mazzaropi aconteceu logo na infância, mas foi no trabalho que os dois se aproximaram. “Um dia fomos passear com a Geny Prado (atriz parceira de Mazzaropi em muitos filmes) emTaubaté e fiz amizade com ele. Eu contava algumas piadas e ele aproveitava no filme enquanto escrevia. A gente conversava muito”, conta.
Para a biografia, o escritor utilizou suas memórias e também as lembranças de pessoas que conviveram com Mazzaropi, como parentes e amigos. “Poucas coisas fui procurar de novo em revistas antigas. Foram trinta anos colhendo histórias e produzindo o material”, disse Zé.
O prefácio da obra é assinado pelo jornalista e crítico de cinema Rubens Ewald Filho, um dos mais respeitados no Brasil. Para Rubens, escrever o prefácio foi uma tentativa de mostrar o reconhecimento da imprensa pelo trabalho do artista. “Mazzaropi sempre teve uma mágoa muito grande com a imprensa e a crítica que, segundo ele, não o valorizou. Quis mostrar que nem sempre era verdade. Reconhecemos seu valor, sua importância e principalmente seu talento” afirma.
Rubens também elogia a obra de Daher e o coloca como a pessoa ideal para falar sobre a vida do artista. “O autor, como nenhum outro antes, não era apenas um admirador, mas um 'insider', que conheceu e conviveu com ele. Isso torna tudo mais interessante e com menos margem de erro”, afirma Rubens.
"Estrela ainda vive"
Segundo Zé Paraibuna, a obra também oferece oportunidade para as pessoas do Vale do Paraíba conhecerem melhor a vida e a obra do artista, que morou em Taubaté e gravou filmes em cidades como Pindamonhangaba, São José dos Campos, São Luiz do Paraitinga e Ubatuba. “Ele gostava mesmo da região e saía aos domingos para bater papo no mercado de Taubaté. Nunca abandonou as raízes de filmar e mostrar o que a região tinha”, diz.
Pelo amigo, homem, ator e cineasta que foi Mazzaropi, Zé não esconde em momento algum sua admiração. “A família dele abandonou tudo para seguir com ele no circo. Depois, para seguir no cinema também não era fácil. Ele peitou tudo isso e sua história continua viva. A estrela ainda vive, cem anos depois”, completa.