Wagner Moura conta que chegou ao set de “Elysium”, seu primeiro trabalho em Hollywood, com algumas ideias prontas para o seu personagem, Spider. Tinha imaginado um modo de falar ou andar para o sujeito que é uma mistura de hacker e “coiote”, traficante de pessoas. Mas e se os responsáveis pelo longa reprovassem a concepção prévia do ator? “Seria realmente trágico, né (risos)”, diz ele aoG1.

Ao seu lado, Alice Braga ri. Ela é outra brasileira a estrelar “Elysium”, que estreia nesta sexta-feira (20). Assista no vídeo acima às entrevistas com Wagner Moura e Alice Braga. O capitão Nascimento de "Tropa de elite" depois completa: “Eu teria que mudar tudo, começar do zero. Aquela proposta ali é uma proposta arriscada que eu fiz, é um personagem de tintas fortes”. Refere-se, especificamente, ao volume da voz e à maneira de gesticular de Spider.

Pouco antes, Wagner tinha dito que não vê diferenças entre fazer cinema no Brasil ou no exterior, com exceção do dinheiro. Como exemplo prático, cita que, durante o trabalho, decidiu-se que seu personagem usaria bengala. Diante da necessidade, a produção providenciou inúmeras opções diferentes do acessório – “umas 50”, segundo o ator.

Alice conta que não se surpreendeu com o desempenho do colega. “A primeira vez em que o vi com a voz do personagem, ele trazendo o que tinha criado, tinha certeza absoluta de que era diferente do que eles estavam esperando, mesmo”, afirma. “Foi muito bom estar junto das pessoas falando: ‘Caramba! Meu, essa cena que ele fez...’. Foi um privilégio ver a coisa explodindo no momento.”

“Elysium” se passa num futuro apocalíptico em que os ricos emigraram da Terra para uma estação espacial. O protagonista é Max (Matt Damon), ex-presidiário que sofre grave contaminação no trabalho. A certa altura, tem de recorrer a Spider para viajar de um lugar ao outro. Já Alice é Frey, enfermeira que tem a filha muito doente.

O diretor e roteirista do longa é o sul-africano Neill Blomkamp, de “Distrito 9” (2009), que repete agora a mistura de ficção científica com conteúdo político, segregação social etc. Wagner reconhece que o tema sério influenciou na aceitação do papel, mas diz não ter restrições com filmes que tenham como finalidade única o entretenimento.

“Não tenho problema nenhum. O que chama atenção é o fato de você trabalhar com um diretor que consegue, além do entretenimento, ter algo mais”, afirma. “Este é um filme pipoca, mas traz ali uma discussão. Um tema que inclusive a nós, brasileiros, diz respeito.”