“Caros leitores eu digo, pois prestem bem atenção, as mulheres de antigamente suas roupas arrastavam no chão, e as mulheres de hoje em dia, mostram a calça e calção. Vejam, as mulheres antigas namoravam diferente. Os rapazes abraçavam elas e a coisa era decente. Os de hoje abraçam por trás e esquentam pela frente”. Quem lê esse conjunto de palavras rimadas, nem imagina que essa estrofe foi retirada do cordel “A diferença das mulheres antigas para as mocinhas de hoje”, escrito pela cordelista alagoana Maria José de Oliveira, a dona Mariquinha. 

Aos 52 anos, Mariquinha reproduz em seu olhar e na sua simplicidade de falar, o orgulho pelo dom de escrever literatura de cordel e mostrar, com sua forma ingênua e animada, a realidade sobre o cotidiano. A paixão pelo cordel nasceu na infância, quando assistia às duplas de violeiros e repentistas cantando suas rimas em pleno calçadão do comércio, no Centro de Maceió. “Minha mãe ficava assustada com o meu comportamento. Eu dava cada gaitada, que todo mundo que estava ali escutando aquelas duplas riam de mim. Eu sempre admirei o cordel”, lembra a cordelista, ressaltando que, ainda quando morava na cidade de Coqueiro Seco lia a literatura para seus avós e para toda a família.

Um drama particular, fez com que Mariquinha expressasse a sua dor nas rimas e nas estrofes do cordel. O sonho de ser enfermeira levou a cordelista a ingressar, em 1979, quando tinha 19 anos, em uma escola de Técnica em Enfermagem, em Maceió. Porém, o que seria a realização de um sonho resultou no começo de outra longa paixão. Por sofrer de epilepsia, ela foi impedida de continuar o curso e resolveu escrever sua primeira literatura, “A memória de uma ex-estudante”. Daí por diante, foram muitas rimas e estrofes escritas e, atualmente, a poetisa reúne uma coleção de 41 cordéis e 190 poesias.

 

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