Daniel António, o embaixador africano, volta para casa. Obrigada Daniel!
O historiador e escritor Daniel António Pereira assumiu , durante quase sete anos , o cargo de embaixador da República de Cabo Verde, no Brasil/ Brasília. Um gentleman, o embaixador, soube com maestria e perspicácia conduzir as relações internacionais, abrindo as portas para a diversidade de horizontes, legitimando o legado de Áfricas, especialmente a República de Cabo Verde, no Brasil.
Com uma eximia capacidade de dialogar com os diversos segmentos sociais, dentre eles o movimento negro, traduziu com sua diplomacia um desprendimento puro e a sensibilidade para observar e aprender o que lhe era desconhecido.
Conhecer Daniel António Pereira foi como cruzar longas fronteiras conceituais, um grande encontro , como uma garimpo que envolvia história, cultura, antropologia e o querer bem.
A convivência nossa fez nascer o respeito mútuo e o embaixador se tornou dileto parceiro do Instituto Raízes de Áfricas. Um parceiro constante que atendia com prazer nossos convites para as inúmeras viagens à Alagoas de Zumbi, no partilhar conhecimentos.
Em 03 de dezembro de 2010, através do mandato parlamentar do deputado, Judson Cabral, Assembléia Legislativa de Alagoas, o embaixador foi outorgado com Medalha de Honra ao Mérito Zumbi dos Palmares, propositura, do então, Projeto Raízes de Áfricas.
Na solenidade, Daniel António fez a seguinte declaração: “Desde os primeiros momentos que soube dessa distinção me manifestei altamente sensibilizado, aceitando o desafio, o peso da responsabilidade e o significado dessa homenagem, que transporta no seu bojo uma história carregada de símbolo da resistência negra contra a escravidão, bandeira do último chefe do Quilombo dos Palmares”.
E neste mês de agosto, após a publicação da aposentadoria, Daniel António, deixa o cargo em Brasília e regressa à casa, na cidade da Praia. O embaixador dá lugar ao historiador: “Quanto às perspectivas pessoais, elas se imbricam na minha formação e no desejo de dar continuidade à investigação na área da História do meu país, dedicando-me, doravante e de forma mais sistemática e integral, à pesquisa, escrita e divulgação. Este um velho sonho que vai se concretizar, libertado que estarei das minhas obrigações, enquanto profissional da diplomacia e da administração pública a que dediquei quarenta anos da minha vida. É tempo do repouso do guerreiro, que parte para a concretização de novos projetos, mas sempre ligado à mãe/terra, Cabo Verde, que espera tudo dos seus filhos, no caso em apreço, ao serviço e em defesa do conhecimento e do esclarecer da memória coletiva, que precisa, urgentemente, de ser trazido à tona, como cimento da identidade nacional, sempre em construção, mas que necessita ser preservada na alma e essência, material e imaterial”.
Ao amigo, Daniel António nossa profunda expressão de afeto autêntico. Bom retorno, Daniel e saiba que, apesar da distância oceânica a amizade continua.
Obrigada embaixador! Até breve!
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