Um texto que circula nas redes sociais me deixou um tanto perplexo. Nele existem duas opções colocadas: avançar nas mobilizações ou proteger o governo. A realidade, porém, é bem mais complexa que tal maniqueísmo, assim como suas variáveis.

Por mais que os ensinamentos preencham as velhas cartilhas políticas, em constantes cantilenas dentro das estruturas políticas partidárias, ainda assim, a grande maioria é incapaz de compreender determinados fenômenos sociais.

Assusta identificar grupos políticos que tentam adequar a realidade às suas intensões. A realidade não se molda tal qual os desejos políticos, porém sim, é a partir de uma leitura objetiva da realidade que se determina a política certa a ser adotada em cada novo período histórico.

Como bem frisou André Singer sobre os últimos acontecimentos no país, “o novo ator impacta o sistema político, mas não o substitui. O sistema político continuará funcionando. Não deixará de existir, porque, na verdade, passamos por um momento em que esses novos movimentos não têm alternativa. Os partidos terão de incorporar coisas, dialogar com o movimento, fazer concessões, mudar. Alguns ganharão. Outros perderão.”

Vejo que o saldo tende a ser negativo para o sistema político atual e positivo para a sociedade. Muitos partidos políticos tentam ler essa realidade tal qual suas conveniências. Todos pegos de surpresa, assistem atônitos aos novos levantes populares. Não são os protagonistas, mas coadjuvantes das mudanças.

De acordo com Rodrigo Martins, “é preciso encontrar formas de inserir a internet na democracia. Não é só informar o cidadão. Embora a transparência seja importante. Mas abrir caminhos para que interfira de fato nas prioridades do poder, tenha a possibilidade de propor e discutir leis”.

A realidade aberta no país não brotou do chão, tampouco representará um "quiz" entre as duas opções colocadas acima. No mais, somente quem conseguir compreender a dinâmica das oscilações econômicas e as novas possibilidades de interações via redes sociais, poderá atuar com certo protagonismo político cidadão.

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