Em Curitiba, a admiração por Roberto Carlos foi muito mais além do que colecionar todos os discos e cds do cantor para o funcionário público aposentado Luiz Carlos Chacon de Oliveira. Depois de ser comparado com o "rei" em um café da manhã com amigos, Chacon começou a perceber que a "semelhança não era mera coincidência". Aos 72 anos de idade, ele comemora 40 anos como sósia do cantor, em julho deste ano.

"Eu fui passar um fim de semana em Telêmaco Borba (interior do Paraná) na casa de um médico amigo meu. E quando estávamos tomando café, a esposa dele pediu para que eu passasse a manteiga. E foi a partir daquele momento, que a minha vida mudou. Ela olhou bem pra mim e me perguntou se eu já tinha reparado que era muito parecido com o Roberto", argumenta.

Chacon contou que gostou de ser comparado com o cantor, afinal, ele já era muito fã desde criança. "Eu comecei a perceber que em muitas coisas eu me parecia mesmo e passei a me arrumar como ele. Coisa simples, não precisou muito. Foi só vestir uma roupa igual e não deu outra, as pessoas me confundiam mesmo. Eu comecei a fazer sucesso de verdade", comemora. Depois disso, ele começou a se dedicar às imitações.

"Eu ficava assistindo aos shows dele, aqueles de fim de ano, e olhava bem direitinho como ele fazia, exatamente todos os gestos. Confesso que não foi fácil, mas hoje me considero um profissional e muito honrado em poder imitar um cantor tão famoso e querido pelos brasileiros", acrescenta.

Atualmente, o paranaense sobrevive dos cachês que ganha como sósia nos shows e eventos que participa. Ele diz ter todos os discos e cds e afirma que é capaz de dublar qualquer uma das músicas. As fotos onde ele aparece ao lado do ídolo são guardadas com carinho em vários álbuns e quadros com celebridades ilustram as paredes do pequeno apartamento onde o paranaense vive com a esposa e a filha, no Centro de Curitiba.

"A minha música preferida e que também sempre é a mais pedida pelo público sempre foi "Emoções". Mas depois que ele lançou "Esse cara sou Eu", foi o meu auge. Eu tenho certeza que esse cara realmente sou eu. Aquela letra foi feita pra mim", brinca.

Chacon conheceu Roberto Carlos pela primeira vez em um show em Curitiba. "Olha, faz tanto tempo que eu nem lembro direito quando foi", brinca. "Só me recordo que eu fiquei horas e horas pra tentar conversar com ele na porta do hotel. E só consegui porque, como a imprensa me conhecia, me aproveitei para entrar junto na hora da entrevista". Chacon lembrou com detalhes como foi recebido pelo rei. "Eu fiquei emocionado, claro. Ele foi muito gentil e me deixou muito feliz quando disse que era muito legal ter alguém parecido", ressalta. Depois disso, os encontros com o ídolo se tornaram mais fáceis, segundo o dublador. "Agora ele já me conhece e sabe o que eu faço. Fico feliz em ser lembrado por alguém que tanto respeito".

O apoio da família também foi importante para a carreira do dublador. Em outubro de 2009 ele teve leucemia e precisou se afastar dos trabalhos. "Minha mulher e minha filha foram essenciais nessa hora, que foi tão difícil na minha vida. E acho que nesse ponto eu me pareço muito com o Roberto. Não me deixo enfraquecer por qualquer coisa. A vida é linda e cheia de emoções como ele mesmo diz, então, acredito que temos que viver da melhor forma possível e sempre com alegria", finaliza.

Detalhes
Durante os shows, Chacon lembra que é importante não esquecer de detalhes como por exemplo, o fio branco do microfone, e as cores branca e azul do terno. "O rei exige isso e eu tenho que ser igual, afinal, tenho que manter minha credibilidade com o meu público e com o próprio Roberto Carlos. E pra falar a verdade, também não gosto muito de marrom. E se precisar subir e descer pelo mesmo elevador, também não acho ruim", destaca, com humor.

O paranaense disse que já foi questionado sobre o porque não se interessa em cantar como o cantor e não só imitar. "É uma questão de respeito. Ninguém faz igual. Ele é único", finaliza.