A economia alagoana sempre se sustentou na produção da cana de açúcar, baseada na indústria sucro-alcooleira. Mas hoje, essa realidade vem mudando, com a retomada de investimentos na produção do algodão e na confecção de tecidos. Nos últimos anos, esse nicho da economia está se fortalecendo no estado que atualmente possui seis polos de confecção e conta com mais de 40 associações. Esse cenário positivo impulsionou o surgimento da Semana de Moda Alagoas Trend Houseque vem criando visibilidade para os produtos gerados por essas frentes de trabalho e proporciona ao setor informações e troca de experiências que lhes permitam melhorar seu desempenho através da inovaçãoe com issoabrir portas nos mercados regional e nacional.

Segundo dados do Sindicato da Indústria do Vestuário de Alagoas, o estado possui 145 pequenas empresas associadas à instituição e 45 associações em seis polos de confecção. Em todo o Brasil, as micros e pequenas empresas do setor respondem por 14% dos empregos gerados na indústria. Um número bastante significativo se comparado com o desempenho alcançado pelas médias e grandes empresas. “Agora estamos para inaugurar mais um polo no município de Delmiro Gouveia”, informou Francisco Acioli, presidente do Sindinveste. Segundo ele, esse polo vai impulsionar a produção da Fábrica da Pedra, para fortalecer a linha de produção da região.

Este crescimento vem sendo possível graças à participaçãode três importantes parceiros: o estado, o Sebrae e a Federação da Indústria de Alagoas. De acordo com Pauline Reis, diretora de Micro e Pequenos Negócios da Secretaria de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico, a presença dessas instituições contribuiu para a melhoria da estrutura e da organização da linha de produção têxtil no estado. Segundo ela, o trabalho se concentra basicamente em articular as demandas do setor junto aos parceiros. “A gente senta e define metas. Esse diálogo resulta em convênios e acordos de consultorias técnicas que melhoram a produção”, explicou Pauline Reis.

Autonomia

Para Francisco Acioli, do Sindinveste, com os investimentos no setor, pode-se dizer que Alagoas já alcançou autonomia na produção de confecção. “Não há mais necessidade de se deslocar até outros polos de confecção da região para comprar roupas ou fazer encomendas. Aqui, basicamente, se produz de tudo”, justificou. Em 2013, em parceria com o estado, o sindicato está distribuindo mil máquinas de costura e capacitando esses profissionais. “Paralelo, nós buscamos dar qualidade ao produto, agregando valor com o artesanato local”, acrescentou Acioli, referindo-se ao filé e a renascença, por exemplo. No município de Piranhas, a comunidade está beneficiando o couro da tilápia, um peixe de água doce, que também vem sendo usado pelas confecções. “Isso é valor, mas é artesanato. Cria visibilidade e identifica as origens”, diz Acioli.

Mas, para competir o produto é necessário atender a um padrão de qualidade. É ai que a participação do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Alagoas é importante. O Sebrae trabalha junto a esses produtores com a intensão de agregar  valor ao produto e com isso facilitar a participação destes em feiras e rodadas de negócios. Em 2012, apenas umaconfecção alagoana foi selecionada pelo Sebrae nacional para competir no mercado brasileiro. Em 2013, de seis empresas pré-selecionadas, quatro ganharam esse reconhecimento e participaram do Salão Bossa Nova, no Rio de Janeiro, uma importante rodada de negócio da Moda no Brasil. Uma ganho importante que o setor conquistou, acredita Acioli, que aponta que, no que diz respeito crescimento econômico do estado, “a cultura está mudada”.

Vitrine

Nessa conjuntura, a Semana de Moda Alagoas Trend House é importante protagonista por se comportar como uma grande vitrine do trabalho autoral dos criadores alagoanos, sobretudo, por fomentar a inovação nos pequenos e micros empreendedores do setor da Moda. Durante cinco dias, são gerados vários negócios, movimentando esse importante setor da economia com o objetivo de elevar às micro e pequenas empresas de Alagoas a um patamar de destaque no cenário nacional. “É onde o empresário encontra o acesso ao mercado e mostra o resultado do esforço alcançado, apresentando peças de alta qualidade”, explicou Pauline Reis, da Seplande.

A Trend House, na sua sétima edição, conquistou credibilidade junto a formadores de opinião e tornou-se um significativo portfólio não apenas por envolver empresas de moda alagoana; mas pelas parcerias estabelecidas com a iniciativa privada (compradores), instituições governamentais, a imprensa e diversos setores da economia. Uma cadeia produtiva que se inicia no plantio da semente do algodão, passa pelo beneficiamento do fio, a confecção da roupa até chegar ao consumidor.  “Todos junto em prol do desenvolvimento econômico do estado”, arrematou Pauline Reis.