Vanessa da Mata fez neste domingo (26), no Parque da Juventude, em São Paulo, o penúltimo dos seis shows de sua atual turnê. As apresentações, sempre gratuitas, são integralmente dedicadas à obra de Tom Jobim (1927-1994). “Eu não fui chamada à toa”, afirma a cantora, ao comentar por que foi escolhida pela empresa patrocinadora da excursão.

“Eu sei das minhas possibilidades. E acho que, mesmo sendo shows gratuitos, se não fosse um nome forte na frente do palco, não teríamos [atraído] 100 mil pessoas. Tom é incrivelmente forte, e eu acho que sou uma representante forte da minha geração”, diz em entrevista ao G1, por telefone.

Segundo o material de divulgação do projeto, Vanessa é “capaz de conciliar sofisticação e popularidade”. A cantora, entretanto, assume desconhecer o real significado do resumo. “Não entendi também, não (risos).” Em seguida, cita que consegue “tanto fazer show na rua, para o povo de classe C e D, quanto em teatros e festas fechadas, para as classes A e B”.

A cantora acha que Tom Jobim – “popular, um homem romântico” – tinha apelo por causa da simplicidade de suas músicas e porque “não existe nele vulgaridade”.  Para ela, canções como “Eu sei que vou te amar” ou “Garota de Ipanema” falam de sentimento de um modo que não é próprio da geração atual.

“Acho que é uma coisa geral da nossa geração, não só dos homens. As mulheres também têm medo de amar”, opina. “Parece que ser forte é não amar. O perfeccionismo entrou na gente de uma maneira esquisita. E o descartável também, é algo que se aplica muito a essa geração: a pessoa deu defeito, troca.”

Perguntada se existe algum artista mais jovem que recuperaria “tradição” de Tom Jobim, Vanessa menciona uma banda. “O Los Hermanos, para mim, é muito claro, não tem medo de falar do amor, não tem medo de entrar no cafona, de se declarar a uma mulher.”

Quanto à possibilidade de repetir uma turnê temática com outro compositor que não Jobim, a cantora fala que “são muito, muitos” os que admira. Mas, mais especificamente, lista – pela ordem – Dolores Duran, Assis Valente, Dona Ivone Lara, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Lupicínio Rodrigues.

Após a apresentação deste domingo em São Paulo, ela toca no Rio, em 9 de junho, encerrando a série que passou ainda por Salvador, Recife, Brasília e Porto Alegre. No repertório, de 25 números ao todo, estão previstas composições como "Só tinha de ser com você", "Por causa de você", "Desafinado" e "Chega de saudade".