A sociedade, que reclama tanto da violência, está cada vez mais adoecida pelo vírus do ódio e da intolerância.

09/02/2013 11:49 - Raízes da África
Por Arisia Barros

Socializando do Blog do jornalista alagoano, Ricardo Mota. Inúmeras vezes já me deparei com gente assim...

O dia em que o internauta passou do limite.


Todo jornalista que resolve manter um blog se depara com um problema que parece insuperável: os comentários de internautas furibundos.
Gente frustrada, carregada de rancor e ódio, que encontra no anonimato a possibilidade de descarregar sua fúria sem que tenha qualquer consequência.
Já li e ouvi de jornalistas conhecidos, em todo o país, queixas sobre a manifestação covarde dessa turma – que não é pequena, até porque a pusilanimidade dela não cabe em um grupo insignificante.
Não são poucos os profissionais que se mostram dispostos a não receber mais qualquer comentário, para preservar um tanto de sanidade.
Eu me encontro entre estes.
Esta semana, após postar aqui uma matéria sobre o ex-prefeito Cícero Almeida – sobre os problemas de saúde que ele enfrenta -, recebi dezenas de mensagens que fizeram mais mal a mim do que a ele, alvo dos ataques. Até porque eu mandei para o lixo todas elas.
Interagir com o leitor não pode ser, simplesmente, receber diariamente o vômito rancoroso de covardes sem limites.
Num exercício de imaginação, me pergunto sobre a identidade dessas pessoas, que me parecem irremediavelmente infelizes:
- Será a mocinha que eu vi fazendo gestos obscenos para o motoqueiro que lhe provocou um susto no trânsito?
- Ou aquele senhor que subiu com o carro sobre o “picolé baiano” porque tinha pressa de chegar sabe-se lá onde?
- Quem sabe, a mulher de cabelos brancos, cigarro entre os lábios, que escalou a calçada com o seu veículo para ultrapassar o motorista da frente?
É difícil, impossível mesmo, responder a estas perguntas. Até porque aqueles que mandam suas mensagens, carregada de sentimentos tão mesquinhos, devem ser tão comuns quanto os personagens sobre os quais falei: uma mulher casada mas não amada; o filho que desconhece a atenção e o carinho dos pais; o homem que detesta o trabalho a ser dolorosamente realizado a cada dia.
Vãs divagações sobre as pequenas tragédias humanas.
Vou continuar tentando, pelo menos por enquanto, manter este espaço para comentários. Mesmo sabendo que a sociedade, que reclama tanto da violência, está cada vez mais adoecida pelo vírus do ódio e da intolerância.
Sugiro ao internauta iracundo que troque, neste carnaval, a leitura de blogs ou de noticiosos – também no rádio e na TV - por um livro de poema, um romance, um ensaio filosófico, uma música suave, um filme que lhe dê sossego e leveza, um balanço de rede, qualquer coisa que possa aliviar e acarinhar a alma.
É preciso que ele saiba, o tal “vingador oculto”, que também tem o direito de não ranger os dentes, por alguns dias pelo menos, na frente da tela de um computador.


Fonte: http://blog.tnh1.ne10.uol.com.br/ricardomota/
 

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