O beijo

04/02/2013 06:53 - Lauthenay Perdigão
Por Redação

Armando sempre foi tímido. Criado num ambiente de interior, não poderia ser diferente. Qualquer olhar de uma garota, deixava-o vermelho como um pimentão.

Acontece que um dia, Armando começou a namorar Cristina. E o amor foi aumentando, só que Armando não tinha coragem de beijar Cristina.

Numa tarde, depois do cinema, Armando resolveu falar:

- Cristina, quero lhe pedir uma coisa.
- O que‚ Armando?
- Você promete que me dá?
- Primeiro quero saber o que é.
- Você não se zanga?
- Não, pode falar.
- Quero um beijo.

E Cristina ficou mais vermelha que o Armando.
Ele insistiu:

- Você me dá um beijo?
- Vou fazer uma proposta.
- Diga qual é.
- Você vai jogar domingo contra o ARSENAL, não vai?
- Vou sim. E daí?
- Eu lhe darei o beijo se você fizer um gol, do contrário, nada feito.

Armando quase perdeu a fala.

- Mas Cristina, eu sou goleiro. Não posso fazer gol.
- Isso é problema seu. Se não fizer o gol, não tem beijo.
- Mas Cristina, isso não pode ser.
- Não entendo de futebol e só quero ver o gol.

Armando ficou abatido, porém sabia que não podia abandonar a luta. Como poderia marcar um gol se sua posição era de goleiro? O jogo era importante, contudo, por um beijo de Cristina, o Armando arriscaria até a vida.

E os planos foram tratados na cabeça do Armando.

No dia do jogo, lá estava a menina toda faceira e risonha no meio de um grupo de amigas.

Somente depois de começar a partida‚ é que Cristina percebeu que seu namorado dificilmente faria um gol. E perguntava a uma colega:

- Maria, por que Armando não sai daquele lugar, fica parado feito um bobo enquanto os outros correm atrás da bola?

A outra conhecia um pouco mais de futebol e explicou:

- Ele é goleiro, sua bobinha. Tem que ficar lá.

Já no segundo tempo, o marcador era de zero a zero e o Armando não tirava o pensamento do beijo de Cristina.


Num lance em frente a sua meta, Armando se atira aos pés do atacante adversário, agarra-se à bola e simula uma contusão no braço. O jogo foi paralisado e o treinador obrigado a colocar Armando na ponta esquerda para fazer número.

Intimamente, Armando estava feliz.

Agora só fazer o gol - pensava ele.

Cristina se assustou com a contusão do namorado, mas logo depois viu o Armando em campo e ficou satisfeita. Sentia que agora ele poderia faze r o gol e, por isso, torcia loucamente por ele.

Faltavam três minutos para terminar o jogo e o zero a zero continuava.
Foi quando o time atacou em massa. Uma bola cruzada da direita ia passar na frente da meta do ARSENAL e se perder pela linha de fundo.

Armando sentiu que aquela era sua grande oportunidade. 

Correu, viu que alcançaria a bola, e viu na bola a boca de Cristina. Saltou agilmente para ela e como se fosse impelido por um jato, foi com bola e tudo para dentro d o gol para delírio da torcida e, particularmente, de Cristina.

Acontece que um pedaço do couro cabeludo do Armando ficara do lado de fora da trave, pois sua cabeça atingira de raspão o poste direito do ARSENAL. 
Armando desmaiou.

No dia seguinte, a casa de saúde estava cheia de gente que foi visitar o heroi do jogo. E o heroi de cabeça quebrada estava feliz. Cristina apareceu a sua frente, caminhou resoluta para ele e o beijou na boca, apesar dos olhares estupefactos dos visitantes.  

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