A menina não vai mais à escola pública, em Alagoas, porque teme a violência.

21/01/2013 12:34 - Raízes da África
Por Arisia Barros

A mãe me conta, em um ponto de ônibus qualquer da cidade de Maceió ,que a filha não quer ir mais a escola , porque em 2012 foi agredida por uma amiguinha da mesma idade.
A menina aos 11 anos, moradora de uma das grotas da capital alagoana,  tem medo de voltar à escola.
A menina levou tapas, safanões e puxão de cabelo e isso ela não consegue esquecer e fala também do constrangimento das vezes que os policiais “vasculharam” bolsos, bonés em revistas na entrada da escola.
A mãe resolveu que vai fazer um sacrifício “enorme” e procurar uma escola particular para a filha. Diz que Deus só lhe deu essa filha , por isso ela precisa tomar tenência.
A mãe da menina vive de lavado de roupa, mas herculanamente decide sacrificar-se.
Durante o ano de 2012 diversas escolas públicas do estado de Alagoas, conhecido nacionalmente, como o mais violento do Brasil apresentaram casos midiáticos de cenas de violência. Meninas e meninos trocam o exercício do aprender pelo outro do agredir.
O fato gerou uma discussão , ainda que pálida, entre segmentos sociais, entretanto não houve maiores repercussões.
O discurso da culpabilidade da família venceu de novo. O estado tira de si a responsabilidade pela ausência da educação como política estrutural.
Perdeu a educação o seu poder de educar?
Os órgãos públicos demonstram sua fragilidade estrutural face a violência , que agora invade as escolas públicas, e perpetram ações esquizoides ao investir na repressão como fórmula imediatista de contenção da agressividade juvenil..
A revista da polícia em alunos das escolas públicas é o mal disfarçado menosprezo que se dá aos conflitos sociais que aos serem mascarados  implodem e explodem.
Uma revista policial seria permitido nas escolas tradicionais, hierarquizados das Alagoas dos Marechais?
Ao perceber-se inábil para o enfrentamento contra a miséria econômica, a pobreza de valores recheada de preconceitos e o consequente abandono social o estado se apropria da linguagem da repressão e a impõe como solução para a epidemia da violência, visando assegurar a paz ideológica.
E o povo acossado pelo medo aceita pacificamente e internaliza a ação autoritária e hierárquica como forma lógica de se dá respostas plausíveis a violência que torna diminuitivo o espaço da qualidade de vida, seja urbana ou rural.
A repressão é fruto da inércia na aplicabilidade de políticas públicas eficazes e eficientes.
A menina não vai mais a escola pública, em Alagoas, porque teme a violência.
O fato não merece um olhar mais atendo do estado alagoano?
 

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