Recentemente, o Ministério da Saúde revelou que quase metade da população brasileira está acima do peso. São cerca de 92 milhões de pessoas e muitas delas carentes de produtos ainda considerados especiais, mas que lá fora fazem parte da indústria da moda.

Demorou, mas as empresas brasileiras começaram a perceber o potencial dos negócios voltados para um público bem específico: são as consumidoras plus size. Elas não se encaixam nos padrões ditados pela moda, mas formam um mercado exigente, bem informado, disposto a consumir, e com dificuldade para encontrar opções que agradem.

Primeiro, foi a mudança de atitude de mulheres que não têm vergonha de assumir o manequim fora dos padrões. Elas também queriam estar na moda e exigiam muito mais do que o mercado brasileiro tinha a oferecer. Agora, as empresas perceberam que não dá mais para ignorar estas consumidoras. E mesmo quem investiu com cautela para testar a aceitação já não tem mais dúvidas da força deste segmento.

Pensando nessas consumidoras mais gordinhas e com dinheiro no bolso, uma das maiores cadeias de moda e varejo do mundo abriu espaço para roupas com cortes mais generosos.

A rede, que já tinha feito a experiência na Europa e foi um sucesso, constatou que aqui também os tamanhos maiores, apelidados de plus size, mereciam atenção especial. Para as brasileiras, foi desenvolvida uma linha exclusiva.

“A partir de uma pesquisa de mercado fomos identificando que cada vez mais essas mulheres que usam tamanhos maiores estavam querendo encontrar produtos realmente de moda e não produtos adaptados para elas ou um tamanho que não valorzava o corpo da cliente”, diz Elio França, diretor de marketing da C&A.

O mercado plus size é um segmento que tende a crescer com o aumento da altura e do peso dos brasileiros. Estudos apontam para um mercado que movimentou no Brasil em 2011 R$ 5,2 bilhões somente na linha adulta. Isso representa apenas 4% das coleções masculinas e 2,5% das femininas.

No casting de uma agência especializada em modelos gordinhas são 19 meninas, entre elas a Miss Universo Brasil Plus Size em 2012, que ficou em terceiro lugar na competição internacional. Raquel Machado diz que não consegue viver só do mercado plus size. "Sou jornalista, escrevo pra blogs e revistas, sou produtora, atriz e a maioria ainda tem profissões paralelas".

Mas ninguém escapa da balança. Até as modelos deste segmento têm que ficar de olho na balança. O mercado brasileiro de modelos plus size no Brasil, diferente do europeu que é tamanho 50 a 54, é tamanho 46 e 48. “Não podemos engordar nem emagrecer”, diz a modelo Renata Cassela.