Enquanto o Governo do estado de Alagoas insistir em adotar a política do estado mínimo tantos e muitos morrerão e outros tantos não terão o direito de velar pelos seus mortos.
A greve na saúde é um consequente descaso com o que é público.
Wedna Miranda relata a dor de várias famílias e o estado faz de conta que não é com ele.

Davi, o amado.

Na sexta-feira, recebi uma neta radiante de alegria, gritava: "vovó, o Davi veio pra casa, como a mão dele é pequenininha!" Lalá esta feliz, ela e os irmãos Antônio Ygor Bebeto e Julinha.
Minha neta falava do seu irmão, que tinha finalmente voltado pra casa, depois de dias no hospital.
O pequeno Davi foi guerreiro, como o seu povo, mas não o suficiente para vencer sua fragilidade de criança prematura, viveu talvez um mês.
A estrela do Davi, ainda não brilha no céu, está na frieza de uma geladeira do IML, desde o domingo. Até agora seus pais não conseguiram liberar o corpo.
A greve dos profissionais, dos médicos legistas, impede o procedimento necessário para o funeral.
O pequeno Davi, que teve tão pouco tempo de vida entre nós, humanos e desumanos, e que está vagando no infinito, conhecendo o descaso, o desrespeito e a falta de humanidade.
Perdão Davi! Perdão pelos governantes que temos, pelos gestores que temos que impedem seu vôo alto, seu brilho na imensidão do céu.
Rogo aos senhores de boa vontade, permitam ao Davi o descanso eterno.
E a nós homens e mulheres, façamos nossa parte, rezemos a oração dos indignados, manifestando aqui nosso pedido de respeito aos mortos que neste instante gelam no IML de Alagoas.
Fonte: Wedna Miranda

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