O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pedido nesta quinta-feira à União Europeia (UE) para que não recue nas conquistas sociais que custaram décadas e para deixar de discutir a crise e passar a buscar soluções.

"Vocês não podem permitir em nenhum momento que haja um retrocesso das conquistas que fizeram ao longo de décadas, e pelas quais o Brasil e outros países estão lutando hoje. Nós lutamos para conquistá-las, vocês para não perdê-las", disse Lula em Barcelona, onde recebeu hoje o Prêmio Internacional Catalunha.

O ex-mandatário recebeu este prêmio do presidente interino do Governo regional da Catalunha, Artur Mas, como reconhecimento a seu trabalho no Brasil.

"A luta da Europa durante séculos foi exemplo para muitas pessoas. Agora não podemos perder a esperança, não podemos crer que a crise causada pelo sistema financeiro é maior que a capacidade de luta. Se acreditarmos que isto não é assim, poderemos superar a crise e assegurar que a Europa garanta o estado de bem-estar", afirmou.

Segundo Lula, "a UE está mais unida que nunca, mas se vê que tem defeitos. Isto não pode levar ao desespero, é um momento para muita reflexão e muito debate".

O ex-presidente lembrou que foram necessários muitos protestos e muita luta para conseguir o estado de bem-estar atual na União Europeia, que, disse, é "um patrimônio da humanidade no campo da democracia e dos direitos".

Lula destacou que o desenvolvimento global deve ser o resultado do progresso de todos os continentes, e por isso é o momento da inclusão dos pobres na economia de seus países e dos países pobres na economia mundial.

O ex-mandatário explicou que o prêmio que recebeu hoje chegou em um momento - abril deste ano - no qual acabava de enfrentar "a batalha mais dura, a luta pela própria vida", já que terminava o tratamento contra o câncer de laringe que superou e do qual agora já está recuperado.

O Prêmio Internacional Catalunha está dotado com 80 mil euros (pouco mais de R$ 200 mil) e a escultura "La clau y la lletra" (A chave e a letra), do catalão Antoni Tàpies