O senador Jorge Viana (PT-AC) ocupou a tribuna do Senado nesta quinta-feira durante 22 minutos e usou boa parte do tempo para defender o ex-presidente Lula das acusações de ter recebido dinheiro mensalão feitas pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza em depoimento à Procuradoria Geral da República divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo. Ele também se mostrou descontente com o pedido aprovado ontem no Congresso para que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso preste esclarecimentos sobre um suposto esquema de corrupção, que teria sido montado durante o seu governo. “Acho que os erros que alguns cometem com o presidente Lula não justificam que façam o mesmo com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”, disse Viana.

Se dirigindo ao líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), Jorge Viana disse que da mesma maneira que repudia as agressões contra Lula, “não há justificativa para que não se respeite a figura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”. “Quando ele (FHC) foi presidente e eu governador, nas tentativas de questionar sua honestidade, eu estava lá separando o joio do trigo”, disse.

O senador também falou sobre acusações que envolvem a “vida pessoal” de Lula. “Nós sabemos que tivemos todo o tipo de presidente e todo o tipo de problema pessoal que foram evitados”, afirmou. “Não conheço nenhum cidadão brasileiro que tenha sua vida acompanhada tão de perto, fotografada, filmada, gravada, como tem sido a vida do presidente Lula e de sua família. Questionado o tempo inteiro e, em muitas ocasiões, perseguido”, disse Jorge Viana.

Ao encerrar o discurso na tribuna do Senado, o petista disse que “alguns não se conformam” com o fato de o PT estar há dez anos no poder. “É normal esse inconformismo, o combate, o enfrentamento, mas é anormal um esquema que beira o golpe”, afirmou.

O convite para que o ex-presidente FHC compareça ao Congresso para falar sobre um suposto esquema destinado a abastecer os caixas de campanha de candidatos do PSDB durante seu governo foi aprovado pela Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, a pedido do líder da Maioria na Câmara, Jilmar Tatto (PT-SP).