Em mais uma ação para marcar o Dia Mundial de Luta contra a Aids, instituído em 1º de dezembro, o governo do Estado realizou o Mutirão para Detecção do Vírus HIV, que transmite a doença. A ação, que aconteceu neste domingo (2), na orla de Maceió, teve o objetivo de frear o aumento de casos da patologia, que já atingiu 3.850 alagoanos no período de janeiro de 1986 até julho deste ano.

Além do teste rápido de HIV, foram disponibilizados exames de hepatite, distribuídos preservativos masculinos e femininos e vacinas contra o tétano, difteria, hepatite B e gripe. O mutirão contou ainda com o desfile da Banda Fanfarra da Escola Haroldo da Costa e apresentações teatrais que mostraram a importância de usar o preservativo, visando evitar a contaminação pelo vírus da Aids.

Para o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Toledo, o governo do Estado está cumprindo seu papel em conscientizar os alagoanos a prevenirem-se contra o HIV. No entanto, ressaltou ele, cabe à população adotar os mecanismos de prevenção, a exemplo do uso frequente de preservativos, que são disponibilizados gratuitamente nas unidades da Atenção Básica que funcionam sob a gerência do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Nos últimos 10 anos, os casos de Aids em Alagoas aumentaram 100% e a mortalidade, 150%. E muitos desses óbitos foram prematuros, com diagnósticos tardios. No inicio da epidemia, eram 10 homens com a doença para uma mulher infectada, e atualmente temos dois homens infectados para cada mulher. Esses dados nos levaram a intensificar as campanhas sobre os riscos do HIV e sua prevenção, disponibilizando dois milhões de preservativos masculinos e femininos, 100 mil sachês de gel lubrificante e 10 mil testes rápidos de HIV”, enfatizou Toledo.

E a preocupação do titular da pasta da Saúde faz sentido, uma vez que, somente no ano passado, foram detectados 350 casos de Aids em Alagoas. Isso significa dizer que, em média, um caso da doença foi diagnosticado por dia, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). A exemplo do que acontece no Brasil, Alagoas apresenta uma epidemia crescente da doença e ocupa a 20ª colocação no ranking do número de casos no país. Em relação à região Nord0este, Alagoas ocupa a 4ª posição, atrás dos estados de Pernambuco, Maranhão e Ceará.

Mas a situação pode ser ainda mais grave, já que a maioria dos alagoanos nunca realizou o Teste de Detecção do HIV. Entre eles estava a enfermeira Janecleide Nascimento, que pela primeira vez, neste domingo (2), se submeteu ao exame. “Sou da área da saúde, mas admito que sempre tive medo de fazer o teste. Perdi o medo, fiz o exame e estou bem. Agora tenho que continuar cuidando da prevenção”, destacou.

Faixa predominante

De acordo com a diretora Estadual de Vigilância Epidemiológica, Cleide Moreira, a faixa etária predominante de infecção da doença vai de 30 a 39 anos, seguida da faixa de 40 a 49 anos. “Contudo, existe um crescimento do número de casos de Aids em todas as faixas etárias, inclusive nas crianças”, observou.

Quanto à distribuição dos casos da doença por município, Matriz do Camaragibe aparece na primeira posição entre os 102 alagoanos, com 25,2 registros para cada 100 mil habitantes. Na sequência aparecem Maceió, Colônia Leopoldina, Marechal Deodoro, Igaci, União dos Palmares e Maragogi, com 21.8, 19.8, 17.1, 15.9, 14.4 e 13.7 casos por 100 mil, respectivamente.

Diagnóstico e tratamento

Cleide Moreira informa que em Alagoas o Hospital Universitário (HU), o PAM Salgadinho e o Hospital Escola Dr. Helvio Auto são as três referências para o diagnóstico e tratamento da Aids. “Mas ao todo são 35 municípios capacitados para realizar o teste e 10 maternidades, sendo oito em Maceió e duas em Arapiraca”.

A diretora estadual de Vigilância Epidemiológica esclarece que, cabe à Sesau conservar e distribuir os medicamentos retrovirais encaminhados pelo Ministério da Saúde (MS).

Também é atribuição do Estado adquirir e distribuir medicamentos de infecção oportunista, além de ampliar e implementar atividades de prevenção, vigilância, detecção precoce e tratamento dos pacientes com Aids.