Operação Durkheim: dados de políticos, desembargadores, TV e um banco vítimas de quadrilha
A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira, 26, a operação Durkheim para desarticular duas organizações criminosas, uma especializada na venda de informações sigilosas e outra voltada à prática de crimes contra o sistema financeiro.
Foram presos 33 investigados. Cumpridos 87 mandados de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Goiás, Pará, Pernambuco e Rio de Janeiro. Além de prisões de buscas no Distrito Federal. O presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo del Nero, é um dos investigados. Na parte da manhã, ele foi conduzido à PF em São Paulo para depor e foi liberado em seguida.
O ponto de partida do inquérito ocorreu em setembro de 2009, com a investigação do suicídio de um policial federal na cidade de Campinas. À época houve indícios de uso de informações sigilosas, obtidas em operações policiais, para extorquir políticos suspeitos de envolvimento em fraudes em licitações. A PF identificou duas organizações criminosas atuando em paralelo e de modo independente. As duas tinham como elo um investigado, que atuava para os dois grupos criminosos.
Segundo a PF a organização trata-se de uma "grande rede de espionagem ilegal, composta por vendedores de informações sigilosas que se apresentam como detetives particulares". E os consumidores das informações produzidas por arapongas são também advogados. Dados pessoais, bancários, eram fornecidos para interessados nessas informações. Dentre as vítimas, a PF informa que "há políticos, desembargadores, uma emissora de TV e um banco". Parte da quadrilha fazia remessas de valores ao exterior por meio de atividade de câmbio sem autorização do Banco Central.
Ao menos 400 policiais federais participam da operação, que inclui 34 mandados de condução coercitiva - quando o investigado é levado à PF para depor, caso de Del Nero. Os investigados serão indiciados pelos crimes de divulgação de segredo, corrupção ativa, corrupção passiva, violação de sigilo funciona, interceptação telefônica clandestina, quebra de sigilo bancário, formação de quadrilha, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
O nome "Durkheim" é o mesmo do intelectual francês, um dos pais fundadores da sociologia, que escreveu o livro O Suicídio, em alusão aos fatos que deram início à operação", informou a PF.