Alagoas é o berço da resistência negra no Brasil e por isso, a Serra da Barriga, que abrigava o Quilombo dos Palmares foi reconhecida pelo Governo Federal, na década de 80, como monumento histórico e em 1988 passou a ser considerada como monumento nacional pelo Decreto nº 95.855. Assim, a responsabilidade pela manutenção e preservação do sítio histórico da Serra ficou a cargo da Fundação Cultural Palmares. A data foi incorporada pelo movimento negro desde a década de 1970 onde é discutida a questão da igualdade racial.

Em 2003, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a Lei 10.639/2003, incluindo o dia no calendário escolar, e tornando obrigatório o ensino sobre a História e a Cultura Afro-Brasileira. Em 2011, a presidente Dilma sancionou uma lei instituindo o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, a fim de lembrar o assassinato de Zumbi, em 1695, que morreu por lutar contra a escravidão dos negros no Brasil.

Em paralelo a isso, a população negra continua sofrendo com a exclusão social. Mesmo após a Constituição de 1988, que garante o direito aos negros e índios á educação e saúde de qualidade, a maioria dos jovens assassinados e que ocupam os presídios alagoanos são pobres e negros..

Tanto a lei de 2003 quanto o decreto de Dilma Rousseff, em 2011, deixam a critério de cada município decidir se o dia 20 de novembro será feriado ou ponto facultativo, por isso ele não se enquadra na lista de feriados nacionais. A adesão ao feriado ou instituição de ponto facultativo no Dia da Consciência Negra é decisão legal de cada município. Em 2008, mais de 300 cidades adotaram feriado no Dia da Consciência Negra

Em Alagoas a data é comemorada principalmente em Maceió e União dos Palmares e em 2008, mais de 166 municípios aderiram ao feriado, um aumento de 61% no número de municípios em relação aos 269 do ano anterior.

O historiador e sociólogo Jorge Vieira explicou que o movimento negro obteve algumas conquistas, que serviram para melhorar a condição social da população no estado, principalmente para a comunidade quilombola que teve o seu reconhecimento.

“Apesar da Constituição Federal de 1988 que garante aos negros políticas públicas específicas, isso ainda não é aplicado. Mesmo após o histórico de exclusão, essa população ainda luta para sair da miséria. Mais de 50% vivem abaixo da linha da pobreza, isso sem falar no tocante as religiões que há muito preconceito”, afirmou.

O sociólogo lembrou ainda que a comemoração do dia 20 de novembro é um resgate de uma história que começa a ser escrita novamente. “Esse reconhecimento do dia 20 de novembro é fruto da luta do movimento negro. Aqueles que foram vencidos nunca escrevem a história, mas agora os oprimidos dão sua resposta”.

Sobre a polêmica das cotas para os estudantes negros, Vieira defende que é
necessário. “Enquanto não houver políticas públicas para todos, defendo que o negro deve sim ter direito a elas. Chega a ser um discurso hipócrita de quem não concorda, de quem sempre teve condições a tudo”, frisou.

História

O Quilombo dos Palmares foi fundado em 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho em Pernambuco. Com a chegada de mais pessoas, inclusive de índios e brancos foragidos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O Mocambo do Macaco, localizado na Serra da Barriga, era a sede do povo quilombola, com o seu primeiro líder, Ganga Zumba.

O Quilombo dos Palmares existiu por um período de quase cem anos e viviam cerca de vinte mil habitantes. O nome Palmares foi dado pelos portugueses, em razão do grande número de palmeiras encontradas na região da Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, hoje, estado de Alagoas. Os que lá viviam chamavam o quilombo de Angola Janga
(Angola Pequena).

Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar em um pacto de paz com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a luta pela liberdade até o final de seus dias. Nos engenhos e senzalas, Palmares era parecido com a Terra Prometida, e Zumbi, era tido como eterno e imortal, e era reconhecido como um protetor leal e corajoso. Zumbi era um extraordinário e talentoso dirigente militar. Em meados do século XVII, calculavam-se cerca de onze povoados.

Em 20 de novembro de 1695 Zumbi foi traído por um de seus principais comandantes, que trocou a liberdade pela renovação do esconderijo. Zumbi foi capturado, torturado e teve sua cabeça exibida em praça pública, onde ficou exposta por anos.

“Deus da Guerra” ou “Fantasma Imortal”. Seja qual for a tradução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do Brasil e para o movimento negro é unânime: Zumbi dos Palmares é o maior ícone da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade.