RECADO AO VENTO.

03/11/2012 05:49 - Raízes da África
Por Arisia Barros


No  segundo dia do novembro negro, mês da Consciência Negra, inauguramos a palavra-poesia do amigo Alufa-licuta Oxoronga, de Belém do Pará, como arma identitária. Saudades do que somos e ainda podemos construir!

RECADO AO VENTO

 

Vento casto e vasto que chaga do além-mar,
tu que voas, tens notícias do meu povo?
Se os vir pela África, do velho ao novo,
diga, que um dia retornarei ao meu lar.

E, se por acaso, de mim, algum deles perguntar,
diga, que ainda uso o apelido de ‘corvo’,
e que sinto (fora d’África) qual pinto no ovo
pois, apesar da América, a África é meu lugar.

O sal, o cio e a minha negra pela africana,
vento casto e vasto que chega do além-mar,
não se embranquecerem nesta terra americana.

Portanto, se o meu povo, de novo encontrar,
diga, gentilmente, à avó, ao vovô e à mana,
que um dia, eu irei em alegria os abraçar.

OXORONGÁ, Alufá-Licutã. Zamburá Tantã. p. 79

Raízes Malês. 0,80 x 1,60. Oleo sobre tela
 

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