Morte após queda em roda-gigante completa 1 ano sem culpados em MT

15/10/2012 19:55 - Brasil/Mundo
Por Redação

O acidente em um parque de diversões em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, que resultou na morte de um adolescente de 16 anos, completa um ano nesta segunda-feira (15), sem que ninguém tenha sido denunciado pelo ocorrido. A promotora do caso, Vivien Tomaz Ility, da 4ª Promotoria da Comarca da cidade, considera que o dono do parque cometeu homicídio doloso eventual (quando o responsável assume o risco de cometer o crime) e remeteu a ação para a Primeira Vara Criminal, no último dia 8.

Com isso, algumas lacunas da história ficam sem ser preenchidas e o novo promotor que assumirá o caso é quem será responsável por oferecer ou não a denúncia. No dia 15 de outubro do último ano, uma cabine da roda-gigante se soltou e despencou de uma altura de cinco metros. Dentro estava o adolescente Ariel Adão Costa Bolfarini e o amigo Fabrício Ferreira de Oliveira, de 22 anos, que conseguiu sobreviver à queda mesmo após sofrer traumatismo craniano.
No inquérito da Polícia Civil, o dono do parque José Henrique da Silva Motta, de 43 anos, foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e lesão corporal grave. O delegado Simael Ferreira também responsabilizou pelo acidente outras três pessoas, sendo um servidor municipal, uma coordenadora de processos comerciais da concessionária de energia do estado e o ex-secretário municipal de Infraestrutura, Luiz Carlos Sampaio.

No entanto, a promotora Vivien Tomaz Ility alega na ação que o proprietário do parque havia contado em depoimento que tinha os brinquedos há mais de 15 anos e que não havia solicitado vistoria do Corpo de Bombeiros para o funcionamento do parque. Com isso, enfatiza que “as afirmações do laudo pericial, referentes ao estado de conservação dos brinquedos, analisadas à luz das declarações do indiciado, não deixam dúvidas que o mesmo assumiu o risco de produzir os resultados provenientes do funcionamento dos brinquedos, sem condições de segurança”, diz trecho da ação.
A promotora ressalta também que os brinquedos estavam sem manutenção há muito tempo, com base no laudo pericial, o que reforça o fato do eixo que ligava a cabine à roda-gigante ter quebrado, ocasionando o acidente. Trecho do laudo aponta ainda que havia um pino rompido no brinquedo, com a presença de graxa em parte da área que se soltou e em outras peças próximas.
A equipe de reportagem tentou falar com o dono do parque, mas ele não atendeu as ligações feitas no celular. Em sua residência, familiares também informaram que ele estava viajando. O ex-secretário de Infraestrutura, Luiz Carlos Sampaio, declarou em depoimento que a pasta é responsável apenas pela utilização do espaço público e que cabe ao Corpo de Bombeiros e ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) a vistoria nos equipamentos.
O inquérito foi encaminhado para o Ministério Público Estadual em dezembro do último ano e, inicialmente, foi remetido para a 3ª Vara Criminal. No mês de fevereiro, o juiz Jorge Luiz Tadeu Rodrigues julgou incompetência da Vara e declinou o caso para a 4ª Vara Criminal, que recebeu a ação no mês de março.

Queda
O parque estava montado há duas semanas no bairro Parque do Lago e o acidente ocorreu por volta das 21h30. A roda-gigante tem cerca de 10 metros de altura, mas o acidente ocorreu quando a cabine se soltou a uma distância de 5 metros do chão. Conforme a Polícia Militar, que registrou a ocorrência, o eixo que ligava a cabine à roda-gigante quebrou, ocasionando o acidente.
Muitas pessoas também estavam no brinquedo no momento da queda, o que gerou susto e pânico. Outras que circulavam pelo parque também auxiliaram no socorro às vítimas. Fabrício Ferreira ficou 18 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto-Socorro de Várzea Grande. Ele ficou com sequelas neurológicas e continua fazendo tratamento.
A Polícia Civil confirmou que o parque não possuía alvará de funcionamento dado pela prefeitura do município e nem laudo assinado por um engenheiro do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) de Mato Grosso. O então secretário de Infraestrutura, Luiz Carlos Sampaio, havia declarado à época que nenhum pedido de autorização de funcionamento foi feito para a prefeitura.

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