Está Alagoas se inserindo na cadeia produtiva do petróleo?

12/10/2012 07:14 - Economia de Alagoas
Por Alexandre Manoel

Nos últimos meses, três notícias relacionadas à cadeia de petróleo têm agitado os bastidores da economia alagoana.

A primeira notícia diz respeito ao parecer do IBAMA que vetou a implantação do estaleiro EISA no litoral de Coruripe, conforme análise feita neste blogue no dia 10/7/2012. Logo após esse veto, os representantes de Alagoas no parlamento federal se reuniram com a ministra do Meio Ambiente, no intuito de contornar as restrições expostas no parecer, buscando alternativas – tais como escolha de outras áreas ou compensações ambientais adicionais -, a fim de que o EISA seja realmente implantado em Alagoas. Porém, o fato é que, até o presente momento, ainda há muitas incertezas em relação à implantação do EISA na “Terra dos Marechais”.

A segunda notícia diz respeito a um contrato entre o Porto de Maceió e a empresa Tomé Engenharia que permite o uso da área portuária maceioense por essa empresa, publicado no mês passado no Diário Oficial da União (DOU). O contrato é na ordem de US$ 1,15 bilhão. A empresa Tomé Engenharia integra um consórcio que foi contratado pela Petrobrás e seus parceiros, no intuito de construir o Pacote IV de módulos para as seis primeiras plataformas que irão explorar alguns blocos do pré-sal na Bacia de Santos.

Esses módulos para a construção das plataformas serão montados no Porto de Maceió, segundo a atual administradora do Porto de Maceió, Rosiana Beltrão, em entrevista a vários meios de comunicação local. Ainda de acordo com Rosiana Beltrão, a partir desse contrato com a empresa Tomé Engenharia, serão gerados mais de dois mil empregos diretos, devendo-se mencionar também que tal contrato impõe a essa empresa um investimento de R$ 80 milhões em melhorias na infraestrutura física do Porto de Maceió.

Considerando-se que tal contrato já é oficial, publicado no DOU, inclusive, não tenho dúvida em afirmar que se trata do maior investimento da história de Alagoas nos últimos 25 anos. Uma conta simples ajudará a entender essa afirmação e a grandeza desse contrato. Vejamos. O PIB de Alagoas é na ordem de US$ 10 bi. Nesse sentido, imediatamente concluí-se que o investimento representará algo em torno de 10% do PIB em dolares de Alagoas.


Mas, não é só isso. Há de se considerar também o multiplicador de investimentos, que minhas contas sugerem que, em Alagoas, seja por volta de dois vírgula cinco. Assim, levando-se em conta esse multiplicador, diria que o investimento anunciado aumentará o PIB alagoano em dólares em aproximadamente 30%, no curto prazo. Mantendo-se o câmbio em R$ 2 para US$ 1 significa um aumento do PIB alagoano em reais em cerca de 6 bilhões. É muita renda adicional, muitas oportunidades adicionais, mais arrecadação tributária e, principalmente, é o engajamento oficial da economia alagoana na cadeia de petróleo, o que significa que esse aumento do PIB alagoano pode se tornar sustentável no médio e longo prazo.

A terceira notícia diz respeito à descoberta da existência de petróleo leve na camada pós-sal da Bacia Sergipe-Alagoas, significando novas oportunidades  para que o Estado de Alagoas se integre ou se adense à cadeia produtiva de petróleo brasileira. Há de se destacar que a cadeia de petróleo é a mais longa da economia, provendo oportunidades pra todos, desde o trabalhador menos qualificado aos mais especializados. Jovens e/ou trabalhadores alagoanos que queiram mudar de área ou fazer alguma especialização devem pensar “com carinho” nessa área de petróleo. Há fortes indícios que existirão muitas oportunidades nessa área, também em Alagoas.

Por fim, diante do relato dessas três notícias, menos pela primeira e pela terceira notícia, e muito mais pela segunda notícia acima descrita, pode-se afirmar que, sim, Alagoas está se inserindo na cadeia produtiva de petróleo. A propósito, com a assinatura do aludido contrato, a atual administradora do Porto de Maceió e seu staff marcaram um “gol de placa” em prol da economia alagoana, o qual, com certeza, merece uma placa!
 

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