Quando o Marillion subir ao palco do HSBC Brasil, em São Paulo, nesta quinta-feira (11), o público paulistano não ficará diante apenas da banda de rock progressivo britânica, conhecida pelos sucessos radiofônicos “Kayleigh” e “Beautiful”, mas sim de destemidos músicos, que apostaram no gênero pouco prestigiado no início dos aos 80, período em que o grupo foi formado.
“Naquela época, só se falava em new wave, pop e punk rock. ‘Progressivo’ era quase que um palavrão. Por muito tempo tentamos nos convencer de que éramos outra coisa. Então, há quatro ou cinco anos, por algum motivo que desconheço, o rock progressivo passou a ser considerado 'elegante' e novamente aceitável. Por causa disso, hoje nos sentimos mais confortáveis em assumir este gênero outra vez”, brinca o tecladista Mark Kelly .
Cofundador do Marillion, Kelly relembra as canções de longuíssima duração, a profusão de solos, o virtuosismo dos músicos e as letras com conteúdo fantástico que ajudam a definir o estilo. Ao mesmo tempo, minimiza o rótulo e descreve os elementos que compõem o som da banda em 2013.
“Classificar música desse jeito é apenas uma maneira conveniente de tentar descrever algo sem ouvir. Se tivesse que dizer que tipo de música fazemos hoje, diria que é uma mistura de pop music, rock e heavy metal, com um grande traço de rock progressivo. Porque essa é a nossa raíz”, destaca o tecladista.
Com mais de 30 anos de carreira e formado por Steve Hogarth (vocais), Steve Rothery (guitarra), Pete Trewavas (baixo) e Ian Mosley (bateria), além do próprio Kelly, o Marillion chegou ao 17º álbum em setembro deste ano, com "Sounds that can't be made". O disco levou três anos para ser concluído, segundo Kelly, tempo recorde gasto pela banda no processo. "Acho que talvez seja a melhor coisa que já fizemos ou, pelo menos, uma das melhores. Então, estou muito satisfeito”, comenta o músico, que se apresenta com o conjunto também no Rio de Janeiro (Vivo Rio, no dia 13) e em Porto Alegre (Teatro Bourbon, no dia 14).
Apesar de ser a terceira vez do Marillion no Brasil, é da primeira que o tecladista guarda as melhores recordações. Na ocasião, a banda participou do extinto festival Hollywood Rock, em 1990, com shows no Rio e em São Paulo.
“Passamos uma semana em cada cidade. Foi maravilhoso poder tocar para um público tão grande. Também foi importante por causa do Steve (substituto de Fish, cantor original), que estava na banda há cerca de um ano. Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para ele. Foi uma época especial, pois não tínhamos ideia de quanto éramos populares no Brasil”, ressalta o inglês.
Ele adianta o repertório das apresentações, que deve incluir canções do novo trabalho e dos álbuns "Happiness is the road", "Somewhere else", "Marbles", entre outros. "É difícil escolher, pois são 17 discos e mais de 200 canções. Haverá sempre alguém reclamando que faltou algo", ele explica. "Mas isso é bom, mostra que os fãs se importam.”