À Pão de Açúcar: O que fazer após as eleições?

05/10/2012 08:54 - Ensaio Geral
Por Redação

Goretti Brandão

Bombas, carreatas, eleitores satisfeitos e empenhados em desconstruir e tripudiar do candidato derrotado e dos seus eleitores. Mais bombas, muitas bandeiras, abraços e depois, a festa. Seja o candidato eleito, Cacalo ou Jorge, tenhamos a certeza de que apreciaremos e participaremos disso. Uns mais afoitos, outros, mais comedidos, da grande manifestação pública de regozijo. Afinal, nossas certezas mereceram o voto da maioria. E a maioria que elegeu esse ou aquele é o povão. Este sim é quem decide eleição. Pela própria condição social que possibilita mais acesso à leitura e ao conhecimento, os mais esclarecidos fazem suas escolhas de acordo com a sua ética (palavrinha que a cada dia se torna mais vulnerável e tergiversa de texto em texto, cada um entendendo o seu significado a seu modo... pobre palavra...), seus pontos de vista e, alguns poucos, por princípios.

Princípios são imutáveis, diferente de valores que mudam de acordo com a cultura, com a disposição das pessoas, com a modernidade e que funcionam se adequando aos sistemas sociais vigentes e aos interesses pessoais, de cada um. O voto ideológico é o que menos pesa na balança que aufere peso ao candidato. O povão que elege quem vai administrar a cidade vota por inúmeras razões, que na maioria das vezes estão bem distante de valores e muito próximos das necessidades imediatas, básicas e de subsistência. Funciona com ampla margem, o voto eleitoral. A partir da realidade, dos contextos e expedientes, esse tipo de voto, de curto prazo, apresenta outros tantos de particularidades.

É por essa razão que os candidatos apresentam seus discursos despolitizados e fazem opção pela espetacularização, porque eles conhecem a natureza dos que o elegem. O trabalho de pesquisa: A UTILIZAÇÃO DO MARKETING NAS CAMPANHAS POLÍTICAS, feito por Deize Liliane Felisberto e Kellen Cardoso Rodrigues (UNISUL) mostra que uma das justificativas de quem aceita qualquer tipo de benefício de candidatos em troca do seu voto, é a de que; “Porque essa é a única forma de recebermos algo dos políticos”. Numa porcentagem bem menos significativa, onde o perfil dos eleitores é bem distinto, a resposta é contrária. Eles não trocariam o seu voto por favores. Uma das justificativas é a de que: “Porque desta forma o político já estará mostrando o seu verdadeiro caráter”

Dignidade pessoal é uma questão de princípios, mas a baixa estima da maioria da população - pessoas que vivem às margens das benesses da sociedade, não lhes dá o direito, infelizmente, e por desconhecimento e necessidade, de lançar mão dela. Cabe aos que se colocam, de um lado e do outro, defendendo seus candidatos, e de alguns mais enlevados, que vestem a camisa dos candidatos e se expõem por eles e que neles acreditam, cobrar dos mesmos quando eleitos. É pela tão defendida consciência política que pessoas inteligentes, politizadas, e que sabem como usar seus votos partidários e ideológicos, os que votam, em longo prazo, os que não elegem candidatos, mas querem dias melhores e mais justos para Pão de Açúcar, que pesa sobre os seus ombros fiscalizar, cobrar e trabalhar para isso aconteça. Pensar pelos que não pensam e ajudá-los a pensar.

Depois da festa da vitória de Cacalo ou Jorge está na hora dos eleitores adversários se unirem, em prol de Pão de Açúcar. Afinal, todos clamam pelas mesmas coisas. Foi isso que eu vi e acompanhei. É isso que a gente não pode perder de vista. Os maus políticos é quem devem ser perseguidos e devem passar pelo nosso crivo, desprezo, rejeição e nossa indignação. Não a política, nem tampouco o povo. A nossa Cidade Branca, esse majestoso e grande Espelho da Lua, e todos nós merecemos! 

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..