Até dezembro, o orçamento do Estado deve apresentar um déficit de arrecadação de quase R$ 300 milhões. A informação é do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) que revelou, durante a visita do senador Aécio Neves a Maceió, na manhã desta sexta-feira (28), preocupação com o decreto de falência do Grupo João Lyra. 

O governador lembrou que o pior mês deste ano foi agosto que apresentou crescimento do ICMS igual a zero. “Se compararmos com o reajuste da inflação de 2011-2012, o déficit chega a -5% do ICMS. Alagoas é um estado pobre e logicamente que estamos sentido o impacto dessa crise”, destacou.

Sobre o decreto de falência do Grupo JL, Teotonio informou que nos últimos oito meses o Estado de Alagoas não ingressou na Justiça cobrando o ICMS (imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação) do Grupo JL devido à confiança que o Executivo deposita na recuperação econômica das empresas.

“Fizemos a nossa parte. Estamos preocupados, mas precisamos encontrar um caminho que seja bom para todos. Cidades, famílias e o Estado de dependem do Grupo. Estamos sofrendo com a crise econômica que atinge todo Brasil”, expôs.

No tocante ao Fundo de Participação dos Estados (FPE), Alagoas também foi atingida. De acordo com Vilela, o déficit chega a 9% negativos. “A ordem é gastar o menos possível. Apesar do cenário futuro, em 2013, mostra uma lenta recuperação, vamos trabalhar com o hoje. Os investimentos estão mantidos, no entanto, com os pés nos chão”, frisou.

O vice-governador José Thomaz Nonô (DEM) também mostrou preocupação e comentou a situação econômica do Estado, acrescentando estar torcendo pela recuperação do Grupo JL. “São famílias e municípios que dependem diretamente dessas empresas. Não há motivos para comemorar. É necessário torcer e esperar a recuperação de todo Grupo”, colocou.

Tribunal de Justiça

Na manhã desta quinta-feira (27), o Tribunal de Justiça de Alagoas decretou a falência do Grupo João Lyra, que possui uma dívida de R$ 1,285 bilhão. A decisão da Terceira Câmara Cível teve como base o fato de o valor não ter sido pago aos credores dentro do prazo estabelecido pela Justiça com base no plano de recuperação apresentado pelo grupo em 2009.

Em nota emitida a imprensa, o Grupo tranqüilizou o povo alagoano e assegurou que vai cumprir todos os contratos.

Abaixo, a nota divulgada pelo grupo.
O Grupo João Lyra, através de seu presidente, vem a público para tranquilizar o povo alagoano, em especial seus colaboradores, fornecedores e clientes, a respeito da decisão da 3a Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Alagoas, noticiada nesta quinta-feira (27), que teria convolado em falência a recuperação judicial da Laginha Agro Industrial S/A. Cabe esclarecer:
1. A LAGINHA é uma das empresas do GRUPO JOÃO LYRA, que existe há mais de 60 anos e tem hoje sólida posição no setor da agroindústria sucroalcooleira nacional e internacional. Exerce relevante papel na economia dos Estados de Minas Gerais e, principalmente, Alagoas, inclusive porque é polo gerador de milhares de empregos diretos e indiretos (cerca de 40.000 – quarenta mil);

2. Em razão da crise mundial iniciada no final de 2007 e, mais especificamente, da crise enfrentada pelo mundo e pelo setor sucroalcooleiro em 2008 (decorrente da queda do preço do açúcar e da forte retração de crédito ocorrida) a LAGINHA ingressou numa fase de falta de liquidez momentânea;

3. Por tal razão, em 25 de novembro de 2008, a LAGINHA formulou pedido de recuperação judicial perante o MM. Juízo da Comarca de Coruripe, onde o processo tramita até hoje, tendo o plano de recuperação judicial sido aprovado por 100% da classe trabalhadora (Classe I), destacando sua relevância social;

4. Em resumo, a LAGINHA atravessa este processo de recuperação judicial visando, primordialmente, a continuidade de suas atividades e a manutenção dos empregos que gera. Neste tipo de processo, o interesse coletivo se sobrepõe a interesses individuais de alguns poucos credores, sendo a Lei Federal nº 11.101/05 clara neste sentido;

5. A decisão da 3a Câmara Cível, composta pelos Desembargadores Eduardo José de Andrade e Alcides Gusmão da Silva e pelo Juiz Convocado Marcelo Tadeu Lemos de Oliveira (relator), que julgou 03 (três) agravos de instrumento interpostos por credores da recuperação judicial da Laginha S/A., julgou no sentido de convolar em falência o processo de recuperação judicial;

6. A decisão não foi unânime nem é definitiva, na medida em que houve divergência entre os desembargadores quanto à convolação ou não da recuperação judicial em falência, além de serem cabíveis diversos recursos, inclusive para os Tribunais Superiores (STJ e STF);

7. A decisão da 3a Câmara Cível sequer foi publicada, até o momento, e mesmo depois de publicada, não surtirá efeitos imediatos, na medida em que foi clara ao determinar que a convolação em falência somente se concretizaria com o seu trânsito em julgado, ou seja, ausência completa de recursos cabíveis, o que não é o atual caso;

8. Assim, apesar da decisão da 3a Câmara Cível, as usinas do Grupo João Lyra permanecem em pleno funcionamento e os compromissos assumidos serão regularmente honrados, tanto com fornecedores quanto com colaboradores e clientes;

9. Vale salientar que esta decisão não atinge as empresas Mapel, Sapel, JL Agroquímica e Lug Táxi Aéreo;

10. O Departamento Jurídico do Grupo João Lyra tomará imediatamente as medidas cabíveis para reverter o posicionamento da 3a Câmara Cível, por considerar que é equivocado e desprovido de qualquer sensibilidade social e econômica com as mais de 40.000 (quarenta mil) famílias que seriam atingidas pela convolação da recuperação judicial em falência o que, frise-se, não ocorrerá;

11. Esta presidência tem plena convicção de que a Laginha Agro Industrial S/A superará mais este desafio, como sempre tem feito, e continuará firme contribuindo com a geração de emprego e renda e o desenvolvimento de Minas Gerais e Alagoas.

João José Pereira de Lyra