O Valor do Voto

27/09/2012 12:44 - Geral
Por Candice Almeida

É chegada a reta final da campanha para as eleições municipais. E este ano, coroando toda a história de corrupção e voto de cabresto, a Polícia Federal de todo país está em greve, deixando de exercer – ou exercendo com frouxidão – sua atividade primordial na época das eleições.

Com isso o que já era comum tornou-se ainda mais escrachado, a compra e, pior, a venda de votos. Muitos que já foram acusados de tais práticas, num passado eleitoral nefasto e recente, esse ano está assustado com o derramamento de dinheiro e com a ousadia dos eleitores.

Sim. Muitos eleitores estão tão acostumados com o tráfico de votos que agora estão leiloando o número de seus títulos e, ainda mais estarrecedor, estão vendendo-os para vários candidatos, como se pudessem votar em mais de um para o mesmo cargo.

A certeza que temos é que a parcela da população que se vale de tais práticas já não é tão “boba”, sabe que não há como descobrirem em quem votaram, mas se tornaram ainda mais inescrupulosos. A menos, é claro e improvável, que não votem em nenhum dos compradores de seus votos e votem com consciência, pensando no futuro de sua cidade e no benefício da coletividade e não de interesses individuais.

Certamente não será bem assim, até porque, quem é capaz de prometer, ainda que mediante paga, o voto e não cumprir não é pessoa muito digna, então dificilmente pensarão na coletividade. Registro que para toda regra há exceções, pois muitas vezes os eleitores são constrangidos e coagidos a prometerem voto e o ato de não cumprirem tal promessa é seu “grito mudo” de revolta.

Até agora não há novidades neste texto, mas o que interessa aqui é esclarecer ao leitor-eleitor – todos eles, e aqui incluo os advogados eleitores do pleito da OAB – que o voto é o mais puro e sublime meio de liberdade de expressão, pensamento e manifestação de crença política. Este é inviolável, ninguém poderá retirar-lhe este direito ao mero arbítrio, e por isso ele deve ser exercido com consciência.

Mas e por que digo isso? Para deixar claro que o momento do voto não deve estar atrelado a pesquisas, a números. Uma sociedade é feita de muito mais do que pesquisas podem dizer.

Levantamentos numéricos, quando feitos de forma idônea, podem até demonstrar alguma tendência, mas quando publicadas perdem toda a sua finalidade de estratégia política para se transformar em meio de manipulação de massa.

E quando me refiro à manipulação de massa não estou sendo leviana e nem abusada. Massa mesmo, aquele objeto usado para modelar, que pode ser apertado daqui, dali, tomando a forma que o agente deseja. Por isso só a “massa” pode ser influenciada por essas pesquisas que ninguém sabe como são feitas, mas todos sabem que custam muito caro.

E quem paga por essas pesquisas tem interesse em se sair mal nelas? Alguém tem dúvidas?

Antes que comecem as ilações deixo claro meu posicionamento. Pesquisas podem e devem ser feitas, legislação que trata sobre o tema há aos montes, mas não me peçam que acredite nelas e vote para não “perder” meu voto.

Até porque votarei com minha consciência, acreditarei sempre no poder do voto como um dos meios de mudança social, mas não pensem que números me influenciarão. Aquele que vencer o pleito deve me representar e prestar contas de suas ações a mim e a todos, independentemente de quem eu tenha votado ou apoiado.

Sou muito mais que massa de modelar, e creio que meu leitor também seja. Somos pessoas, inteligentes, dotadas do poder de convencimento e de capacidade de inspiração, e é com fé nisso que morrerei defendendo o voto em projetos e não em pessoas.

Pense nisso, e em quanto vale o SEU voto.
 

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