Chalita diz que campanha com Lula não define eleição para Haddad

28/08/2012 03:15 - Política
Por Redação

Em entrevista ao O Estado de S. Paulo, transmitida ao vivo pelo site do jornal nesta segunda-feira, o candidato do PMDB à prefeitura paulistana, Gabriel Chalita, reconheceu a importância do ex-presidente Lula para a campanha do petista Fernando Haddad. Por outro lado, ressalvou que a presença do ex-chefe do executivo não vai decidir o pleito.

"O Lula ajuda muito o Haddad, porque está fazendo campanha o tempo todo, as pessoas têm muito carinho (pelo ex-presidente). Mas acho que no momento da escolha, você sabe que não é o Lula, o Alckmin, a Dilma que será o prefeito", afirmou Chalita. Sobre associar sua imagem à da presidente petista, Chalita negou que tente se posicionar como candidato de Dilma.

"Tentamos dizer que São Paulo está perdendo oportunidades por nao estar integrado (com o governo federal)", resumiu. Em relação à liminar que o proibia de mostrar filiados petistas, incluindo a chefe do executivo nacional, em seus programas, o peemedebista rebateu: "Sou da base da Dilma, sou do PMDB e o vice da Dilma (Michel Temer) também. Digo que fui secretário do Alckmin, nada disso é mentira".

Educação

Professor de duas universidades particulares, Chalita destacou sua atuação na educação, em especial a criação da escola de tempo integral enquanto estava à frente da pasta no governo estadual, entre 2002 e 2006. O peemedebista criticou o candidato tucano, José Serra, que teria decidido fechar muitos centros de ensino. "As escolas (em tempo integral) que o Serra não fechou foram muito bem no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica)", afirmou.

O candidato do PMDB afirmou que São Paulo foi a única capital do Sudeste que não atingiu as metas. Também destacou a importância do professor no processo de melhoria da qualidade da educação.

Chalita afirmou que pretende acrescer os salários em cerca de 40%, percentual que poderia ser maior se o repasse para a educação aumentasse. "Como secretário aumentei quase 47% para os (docentes) da ativa, quase 30% para os inativos. Antes e depois não teve (aumento), Serra não deu", alfinetou. "Se conseguirmos aumentar (na cidade) nesse padrão de 40%, como fiz no Estado, já é um ganho significativo", disse.

Transporte

Na questão do transporte, Chalita colocou como principal ideia de seu projeto a criação de ônibus diretos entre as principais origens e os principais destinos dos paulistanos. Os bairros Itaquera, Brás e Belém foram citados como exemplos de locais que teriam linhas até o centro sem paradas.

"E seriam ligados a uma inteligência de semáforos, então quando o ônibus passa o semáforo abre", descreveu. Questionado, comentou que a proposta do bilhete único mensal, um dos carros-chefes da campanha petista, disse que a ideia "não mexe na estrutura" do transporte e apenas transformaria "o caos em um caos maior".

Farpas

Além de Haddad, Serra e Gilberto Kassab (PSD) receberam farpas do peemedebista. O candidato tucano foi alvo de críticas, por exemplo, em relação à Virada Cultural, que Chalita pretende transformar em "viradas semanais" e itinerantes entre os bairros.

Em outro momento, o deputado federal chamou de "absurdas" algumas propostas de rivais, citando o exemplo de Serra. "Ele fala de 100 mil cuidadores. Prefeitura vai contratar? A prefeitura tem 150 mil funcionários. É muita medida de impacto sem mexer na estrutura", atacou.

Atual prefeito paulistano e apoiador do candidato tucano, Kassab foi criticado por "falta de transparência". "Não sei dizer o que o Kassab fez em termos habitacionais", disse Chalita, apontando na sequência que "regularizar a situação de quem mora em áreas não de risco não é tão difícil". A referência era em relação às divergências de prioridade entre seu projeto para a habitação e o do socialdemocrata.

Kassab também foi classificado pelo candidato do PMDB como o pior exemplo a ser seguido entre os prefeitos que São Paulo já teve. "O Pitta não foi bom, o Maluf não foi bom, mas o Kassab teve mais dinheiro que todo mundo e não soube usar", explicou. Entre os modelos em que se espelhar, Chalita citou Prestes Maia, que chefiou o executivo em duas ocasiões, entre 1938 e 1945, nomeado pelo interventor no Estado, e de 1961 a 1965, eleito, sendo conhecido por ter recuperado a situação de déficit da prefeitura no segundo mandato.

Apesar das reclamações, o peemedebista reconheceu que alguns projetos da atual gestão merecem ser continuados. "O Kassab tem projetos em favelas que são louváveis, eu vou continuar", disse. Também citou o Cidade Limpa, com que pretende seguir, "mas mexeria no conceito". "A população abraçou, mas agora o Cidade Limpa tem que limpar, já que antes foi para tirar outdoors e luminosos", afirmou.

Pesquisas e segundo turno

O candidato do PMDB também foi questionado sobre estar arrependido de não ter fechado aliança com o PRB de Celso Russomanno, que aparece empatado com Serra nas pesquisas, com 26% de intenção de voto na capital paulista. "Não, sempre defendi que tivéssemos mais candidaturas", afirmou Chalita.

Para ele, que está em quarto lugar com 5% e empatado com Soninha Francine (PPS) e Paulinho da Força (PDT), os levantamentos de Ibope e Datafolha seriam resultado do desconhecimento que o paulistano tem dos candidatos peemedebista e petista (em terceiro, com 9%), comparado com o que Russomanno e Soninha têm. "O público que elegeu o Serra (em 2008) foi para o Russomanno", concluiu, movimento que explicou com a rejeição que o tucano apresenta junto ao eleitorado (37%).

Sobre o segundo turno, Chalita afirmou que "não interessa" quem for seu adversário, desde que o PMDB chegue lá. "Acho que o Haddad vai crescer, porque o Lula tem um impacto significativo", avaliou.

Para o deputado federal, no caso de Serra os números dependerão de "reverter a rejeição". "(O tucano) não passa para a população que quer ser prefeito, não tem essa vinculação pública com a cidade", opinou. Disse, também, que nas ruas tem visto que Haddad é o que tem mais placas, e que as propagandas de serra "não tem nem a foto dele, só nome", o que atribui à rejeição do rival.

Quanto à própria campanha, o candidato do PMDB afirmou que o foco está no horário eleitoral gratuito, em que o a intenção é "conseguir passar as propostas que são mais técnicas". "O modelo de gestão no conceito de participação da população não é comum, então como você explica? É mais facil citar leve leite, fura fila", ilustrou. A imprensa também foi acusada de "priorizar" a campanha do PSDB. "Então você tem dificuldade de explicar pela imprensa (os pontos do programa)", reclamou.
 

Financiamento da campanha

O peemedebista reclamou da "burocracia" para disponibilizar um sistema de doações em seu site. "Seria muito ajudar as pessoas a doar em menores quantidades, mas (ter) mais gente doando", afirmou. Quanto ao fato de seu partido ter repassado R$ 2 milhões para a campanha de reeleição de Eduardo Paes no Rio de Janeiro, enquanto sua parte em São Paulo somou R$ 400 mil, Chalita justificou a situação como escolha dos empresários. "É o doador que diz quem ganha prioridade", resumiu.

"Não sinto que a nossa campanha está frágil nos bairros. Com o início da (propaganda eleitoral em) TV e rádio melhorou muito. Eu sentia que chegava em alguns lugares e tinha que me apresentar, o que é natural porque nunca participei de eleição majoritária. Dois dias depois (do horário gratuito), senti na Vila Nova Cachoeirinha, em São Mateus, em São Miguel, que as pessoas já saíram para comentar o programa", contou.

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