A greve, mesmo em seus limites enquanto luta reivindicativa, é a arma que mostra que a classe operária organizada pode tudo. É uma batalha onde os principais objetivos são, geralmente, melhores condições salariais e estruturais. Desde o início do ano, os alagoanos sofrem com a paralisação de várias atividades na esfera pública e privada. Porém, de acordo com especialistas, as greves são oportunistas e podem interferir nas eleições.
O judiciário tenta limitar o direito de greve, impedindo as paralisações com o corte de salário por dias parados, além de multas para os grevistas. Apesar dos obstáculos, existe uma persistência das greves. Para o antropólogo Jorge Vieira, todo o momento político é sensível.
“Os alagoanos devem ficar atentos porque estamos vivendo uma situação muito delicada. Não resta dúvida de que há um apelo do voto e mistura de interesses. Mesmo sendo fatores nacionais essas greves podem interferir sim na eleição para prefeito. Quem sai prejudicado é a população”, afirmou Vieira.
Ainda segundo o antropólogo, o poder público tem o dever de controlar a situação seja na esfera federal, estadual ou municipal. “Para isso é preciso que a democracia seja estendida para a coletividade. Não sou contra a greve, mas deve haver um limite e que não atrapalhem a população que nada tem haver com a situação”, frisou.
Diante da greve dos rodoviários há ainda um interesse dos empresários. “Os empresários venceram um processo de licitação e devem desempenha o seu papel social. A população não tem nada haver se os salários não são pagos ou com qualquer que seja a situação, mas infelizmente são afetados para que o Estado seja mobilizado”, disse.
Greves
Desde o início do ano os alagoanos sofreram com as constantes greves. Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Justiça Federal entre outros, aderiram a greves. Em um episódio inusitado os médicos legistas decretaram greve, em junho deste ano, e vários corpos se amontoaram no Instituto Médico Legal (IML) de Maceió. Os legistas alegam que as condições de trabalho são precárias e que faltam equipamentos. Cerca de 120 corpos devem ser exumados para os exames para que possam ser feitas as necropsias.
O caso mais recente foi a greve dos rodoviários que durou três dias. Após várias reuniões, ficou definido que os coletivos voltariam às ruas. Quem saiu prejudicado foi mais uma vez o alagoano que teve que pagar mais caro para conseguir chegar ao trabalho.