A proposta de reajuste salarial de 15% em três anos aos servidores federais não colou. "Abuso de poder", foi assim que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, em tom enérgico, classificou o comportamento dos grevistas federais. A alternativa do governo é recorrer à Justiça. E, por ironia, utilizou o próprio titular da pasta para comunicar o "contra-ataque". As operações-padrão foram a gota d'água para o governo. Sindicatos correm risco de pagar multa de R$ 200 mil por dia. Isso porque o governo ajuizou ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para neutralizar a operação-padrão desencadeada por agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. E o pedido foi aceito pelo STJ na noite desta quinta, 16. "Não é mais tolerável, não é mais aceitável, não é mais admissível que o servidor público ou um conjunto de servidores públicos abusem de sua competência ou de sua autoridade para o fim de pressionar o governo", o autor desse juízo de valor, fazendo coro com o ministro da Justiça, foi do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. Adoçando o bico O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, informou que há possiblidade de de o governo dispor de R$ 22 bilhões. Bastante inferior aos R$ 92,2 bilhões necessários para atender reivindicações das diversas categorias. Pelo menos, conforme estimativas do Ministério do Planejamento. O montante cobriria demandas de professores e técnicos de universidades federais, para quem o governo já apresentou proposta; e as demais categorias, que ainda não receberam oferta oficial do governo. O Ministério do Planejamento deverá fazer contraproposta aos negociadores do movimento grevista.