'Funk paulista' vira moda no YouTube com carros, motos e notas de 100

16/08/2012 05:31 - Coluna pop
Por Redação
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A batida não é diferente do funk carioca que esquenta bailes há 40 anos. Mas o sotaque, as letras e imagens são paulistas. Em vez de ousadias sexuais, os temas são artigos de preços altos: carros, motos, óculos, roupas, bebidas, etc.

Na parada dos cem vídeos musicais mais vistos no YouTube no Brasil, atualizada a cada dia, estão presentes nas últimas semanas pelo menos dez produções de funk de São Paulo, cujos versos parecem leituras de catálogos de lojas de luxo. Nos clipes, tem até dança na boquinha da garrafa de uísque 18 anos. É o retrato da ascensão do funk paulista.

"A parada do YouTube está dividida entre pop, sertanejo e funk. Sertanejo está há um tempo, agora o funk vem com tudo. De São Paulo", ressalta Finson Gallar. Ele administra redes sociais de uma agência paulista de funk. Antes, trabalhava com rock - NX Zero, Fresno e Restart foram clientes. "A garotada quer algo novo. MC Guimê tem 1,7 milhão de views por semana. MC Danado tem 500 mil", conta o diretor artístico.

O G1 selecionou faixas de funkeiros de São Paulo e de artistas de outros estados - que já incorporam a influência paulista das letras de ostentação -, e calculou quanto dinheiro seria necessário para comprar os produtos citados nas letras. As cinco músicas, lançadas em 2012, figuram no ranking de vídeos musicais mais vistos no YouTube no Brasil, graças a versos como "Vida é ter um hyundai e uma hornet / 10 mil pra gastar com rolex e juliet / Melhores kits, vários investimentos / Ai como é bom, ser o top do momento".

"Quando faço uma letra, me inspiro no que vejo e vivo. Todo mundo gosta de ter um carro bacana. Eu tenho dois. Em uma balada, hoje, é importante o traje que você usa, estar com um relógio legal", diz o paulista MC Danado, que é produtor de eventos. Ele tem outros investimentos, como cita na letra de "Top do momento" (veja clipe). O clipe tem quase 8 milhões de visualizações. O sucesso no YouTube é fundamental para estourar: estes artistas raramente gravam discos. Quando o fazem, mais distribuem do que vendem. O negócio é (literalmente) lançar CDs ao público. "Jogo 50 ou 60 discos por show", diz Danado.

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