Por que a popularidade de Dilma continua alta?

06/08/2012 13:16 - Economia de Alagoas
Por Alexandre Manoel

Na última semana, li que a popularidade da presidente Dilma chegou a 75,7%, segundo a pesquisa CNT. Essa pesquisa dizia ainda que, com 1,5 ano de mandato, a presidente tem 21,6 pontos percentuais a mais do que registrou Lula à mesma época em 2004. Em um primeiro momento, confesso que não acreditei em uma popularidade tão alta, mas depois passei a tentar entender essa popularidade da atual presidente do Brasil.

Por que não acreditei? Pensei: ultimamente, somente leio e ouço sobre mensalão e mensaleiros, greves e mais greves, desindustrialização, menores previsões de taxa de crescimento econômico, dificuldade de relacionamento com os congressistas, PAC que não decola, e assim por diante, como, então, a popularidade da presidenta pode se encontrar em um patamar tão alto?

Bem, pensei, pensei e eu mesmo me convenci que, apesar dos péssimos sinais emitidos por muitos indicadores econômicos, ainda é a situação econômica que está mantendo a popularidade da presidenta em alta. Por quê? Porque apesar de o Brasil está com um taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) baixa, de implantar nos anos recentes várias medidas de política econômica que contribuem para um menor crescimento econômico no futuro – apostando principalmente em acelerar a demanda agregada com mais crédito e incentivos fiscais direcionados a determinados setores em vez de focar em medidas que aumentam a produtividade e estimulem o setor privado a investir- e de pouco fazer para melhorar a gestão no setor público federal, a taxa de desemprego está decaindo e o rendimento real do trabalhador brasileiro continua crescendo.

A taxa de desemprego mensura a proporção de pessoas economicamente ativas que estão procurando ocupação - seja na informalidade, seja na formalidade -, mas não encontram. Por sua vez, o rendimento real mensura os rendimentos descontando-se a inflação; grosso modo, é uma forma de mensurar o verdadeiro poder de compra do salário recebido.

Nesse sentido, vale mencionar que 1,5 ano após o início do mandato de Lula, em julho de 2004, em média, a taxa de desemprego da economia brasileira era 11,2%. No começo do governo Dilma, em janeiro de 2011, essa taxa era de 6,1%, passando para 5,8%, em maio de 2012, último mês disponibilizado pelo IBGE. Por sua vez, em julho de 2004, em média, o rendimento real era R$ 1.320; em janeiro de 2011, R$ 1.649, passando para R$ 1.712, em abril de 2012, último mês disponibilizado pelo IBGE. Em outras palavras, vivemos em um País em que  o desemprego é decrescente e o rendimento real é crescente. Isso é fato! E certamente é o que explica a alta popularidade da presidente Dilma. Para maiores detalhes, vejam os gráficos 1 e 2.

Portanto, meus caros leitores, a experiência empírica está nos ensinando que, com desemprego em baixa e salário real em alta, notícias sobre corrupção podem explodir, gestão pode implodir, medidas erradas de política econômica – no sentido de diminuir o crescimento potencial do PIB brasileiro - podem se suceder e servidores públicos podem se estatelar, mas nada disso vai abalar a popularidade da presidente.
 

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