DF: ministro da Justiça se esquiva sobre morte de policial da PF

18/07/2012 19:22 - Brasil/Mundo
Por Redação

 

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, esquivou-se de fazer qualquer análise sobre a morte do agente da Polícia Federal Wilton Tapajós Macedo, morto na tarde de terça-feira em Brasília. O policial de 56 anos atuava no núcleo de inteligência da PF e participou das investigações da operação Monte Carlo, que resultou na prisão do bicheiro Carlinhos Cachoeira. O agente também investigou casos envolvendo narcotráfico e pedofilia.

"É muito cedo para fazer qualquer afirmação diante desse caso. A Polícia Federal está investigando esse caso, apurando as causas, as circustâncias em que se deu a morte. Toda a equipe de peritos necessária está fazendo as investigações, portanto nesse momento é precipitado tirar qualquer conclusão em relação a esses fatos", disse o ministro, sem querer endossar a suspeita de crime de queima de arquivo.

Cardozo garantiu que a PF vai investigar com rigor o assassinato. "A Polícia Federal está se empenhando e seguramente nós vamos encontrar as causas desse ato perverso que acabou vitimando um dos nossos agentes."

Wilton Tapajós Macedo visitava o túmulo dos pais, no cemitério Campo da Esperança, quando um homem atirou duas vezes contra a cabeça do agente. Ele morreu na hora. O assassino fugiu levando o carro de Tapajós, um Gol branco, que está registrado em nome do filho do agente. A arma do policial federal não foi roubada. A cena foi presenciada por um coveiro do cemitério, que avisou à direção do local, responsável por chamar a Polícia Militar.

O policial tinha mulher e três filhos. Ele chegou a concorrer, nas eleições de 2010, a uma vaga de deputado distrital e recebeu 188 votos.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

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