Juiz diz que poucos queriam fim da 17ª e revela escapar da morte

15/06/2012 02:28 - Maceió
Por Redação
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Com a presença de grande parte da cúpula da segurança pública de Alagoas, o juiz titular da 7ª Vara Criminal de Maceió, Maurício Brêda, revelou, em entrevista ao programa Conversa de Botequim, que um grupo de três ou quatro advogados tentou acabar com os trabalhos da 17ª Vara Criminal, já que sua atuação incomoda muitas figuras do estado de Alagoas. As declarações foram dadas na noite desta quinta-feira (14) no programa apresentado pelo jornalista Plínio Lins no antigo Bar Rappa Nui.

De acordo o magistrado, algumas declarações de que os mandados de busca apreensão ou outros solicitados à 17ª estão previamente autorizados são ridículas.

“Essa vara foi criada com objetivo de fortalecer o combate ao crime organizado. Algumas figuras que se achavam intocáveis, agora são atingidas legalmente. O trabalho da OAB deve ser respeitado, mas três ou quatro advogados queriam acabar com a Vara e não conseguiram. Pelo contrário, estamos mais forte. Com o trabalho especializado, quem saiu ganhando foi a sociedade alagoana”, ponderou, sem citar nomes dos advogados.

Brêda fez questão de destacar que não trabalha sozinho na 17ª e que todas as decisões são tomadas em conjunto com os demais colegas. “Eu tento desmitificar essa ideia de que o trabalho no colegiado e regido por Maurício Brêda. Isso não existe. Também não há coordenador ou outra coisa do tipo. As decisões são assinadas por todos. É regra! Se por acaso houver voto vencido, constará na decisão. Logicamente, a maioria decide”, informou.

Após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a 17ª tem 90 dias para se adequar a nova realidade, inclusive lançado edital para convocação de magistrados para a nova composição. Sobre a situação, Maurício Brêda informou que deverá colocar seu nome à disposição por possuir todas as características do futuro certame.

“A 17ª Vara não escolhe classe social. Qualquer decisão entra lá e o resultado sai no máximo em duas horas. O trabalho do colegiado atinge de A a Z, ou seja, não escolhe ninguém. Tenho certeza que a constitucionalidade decretada pelo STF deve ser celebrada pela sociedade alagoana. Esse modelo será implantado em outras regiões do país, não tenho dúvida. É um avanço sem dúvida ”, colocou.

Na entrevista, Brêda disse que está muito feliz com seu trabalho na magistratura e apesar das dificuldades enfrentadas na vida pessoal continuará a exercer seu cargo pautado pela legalidade. “Dizem por aí que tenho a caneta pesada. Pois bem, quero informar que continuarei trabalhando da mesma maneira. A caneta pesada vai continuar”, declarou o magistrado que, em seguida, recebeu uma grade salva de palmas dos presentes.

Com um forte aparato de segurança à sua disposição, o juiz lembrou algumas situações pessoais que fizeram refletir sobre sua carreira. Uma delas em 2003, na cidade de União dos Palmares, quando sua filha, que na época era criança, foi vítima de uma bala possivelmente perdida.

“Até hoje essa situação segue sem solução. No entanto, tenho certeza que isso aconteceu em decorrência do meu trabalho como juiz na região. Esse é um assunto que eu não queria falar, mas o que importa, de fato, é que ela está aqui viva e vai ser formar em direito. Ela pretende exercer a função de promotora”, narrou Brêda, visivelmente emocionado com a profusão dos fatos.

Gravações

Outra situação citada por Maurício Brêda foi um encontro que ele teve com o ex-secretário de segurança pública de Alagoas, Paulo Rubim. Na oportunidade, o secretário entregou ao magistrado gravações que possuíam narrações frustradas de dois possíveis executores. “Uma descrevia que eu não fui executado porque passei acima do limite de velocidade numa lombada eletrônica. Em outra situação, não fui morto porque o pistoleiro se deparou com uma blitz no bairro de Jaraguá, entre outras . O que chama atenção e que essas situações são verdadeiras. Eu me recordo perfeitamente. Esse tipo de ameaça faz parte da profissão. Meus seguranças vão para todo lugar comigo”, pontuou.

Ainda na entrevista, o magistrado se mostrou bastante preocupado com o crescimento das ramificações criminosas no Brasil, especialmente em Alagoas. “Temos um exemplo real no presídio de Catanduva. Lá, mais de 40 famílias de presos alagoanos são mantidas pelo PCC. Isso é público e notório. O trabalho de combate as facções, gangues e quadrilhas deve continuar. E nesse processo, a inteligência da polícia judiciária é mais do que importante ”,destacou.

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