Famílias plantam árvores e homenageiam vítimas da violência

13/06/2012 08:45 - Maceió
Por Redação
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Justiça! Este foi o coro que ecoou pelo campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Maceió, durante uma homenagem simbólica que reuniu familiares e amigos de alagoanos vítimas da violência. O projeto foi batizado como ‘Bosque em Defesa da Vida’, uma iniciativa que integra o 11° ato do Programa Ufal em Defesa da Vida cujo tema é “As vítimas da violência em Alagoas – a dor que os números não revelam”.

A ideia é abrir um espaço para a reflexão em relação às mortes registradas no estado e mostrar que em cada pessoa assassinada, seja classe A ou morador de rua, há a dor e o sofrimento de parentes que precisam conviver com esta ferida aberta e incurável. Mais que isso, a cobrança pelo esclarecimento das mortes e a punição dos culpados.

A concentração de 150 pessoas aconteceu na sede da reitoria. O grupo seguiu em caminhada pelo campus até o local reservado para o plantio das mudas, por familiares dos mortos, que utilizaram o blog do programa (www.ufalemdefesadavida.blogspot.com) para contar um pouco da história e sofrimento após a perda do ente querido. Mais de cem árvores foram plantadas e cada uma recebeu o nome do homenageado.

Coordenadora do programa, Ruth Vasconcelos contou que o bosque é um espaço para a reflexão e um ponto fundamental para a implantação do governo de políticas públicas mais eficazes no combate à violência que vem, assustadoramente, crescendo em Alagoas. A intenção de homenagear as vítimas com o plantio teve o objetivo de fazê-la eterna nesse novo nascimento.

“Todas as vidas têm valor e em cada morte há o sofrimento das famílias que nunca vão esquecer os entes queridos. Esse será um espaço sagrado, guardado por nós e em cada visita essas pessoas serão lembradas. Temos ainda a oportunidade de nos solidarizar com todos e buscar junto aos órgãos públicos medidas para evitar que as mortes sejam ainda mais crescentes”, explicou a socióloga.

Presente ao evento, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas, Gilberto Irineu levou o apoio da entidade à causa, mas relembrou que a homenagem é apenas uma forma de acarinhar o coração dos familiares.
“Isso não diminui o sofrimento das famílias, mas foi uma bela forma encontrada para lembrar a morte dessas pessoas. Os crimes acontecem diariamente em nosso estado e precisamos alertar a sociedade que cobrem o governo políticas que transformem essa realidade. Os crimes cada vez mais são ousados, por motivos fúteis e o que se vê é a impunidade”, relatou Irineu.

A ação também foi acompanhada pelo deputado estadual Judson Cabral, afirmando não ser este o momento para politicagem. “Apoio as causas humanitárias e sempre estou do lado da sociedade para lutar pela punição dos acusados por crimes e o fim desta violência que mancha o nome do nosso estado”.

No dia 15 de junho, será inaugurado o bosque do campus de Delmiro Gouveia. Em função da greve dos professores, a inauguração do bosque do campus de Arapiraca foi adiada e não previsão de nova data.

Uma dor que não tem cura

Giovanna Tenório foi morta em junho do ano passado. Um ano do crime e a família ainda aguarda um desfecho e a punição na justiça para os acusados do bárbaro assassinato: o casal Tony Bandeira e Mirella Granconato, além do caminhoneiro Luiz Alberto Bernardino.

A vida tirada deixou marcas para Catarina Tenório, mãe da estudante, que emocionada disse ainda procurar forças para superar a perda repentina de sua filha. Ao plantar a árvore, a mãe relatou que vê na homenagem uma forma de manter viva a memória de Giovanna.

“Essa arvore é uma nova vida que enche de esperança meu coração de mãe e a busca da superação desta dor de perder minha filha. Essa muda irá se tornar uma linda árvore e será minha filha, da qual irei cuidar e lembrar sempre dela em cada vinda aqui”, relatou de forma emocionada.

Assim como Giovanna Tenório, o modelo Erick Ferraz deixou saudades para a família. Ele foi assassinado durante a festa de réveillon deste ano em Viçosa e desde então a luta de Edglenes dos Santos é para a justiça coloque atrás das grades o homem apontado por várias testemunhas como o responsável pelo crime: Judarley Oliveira, que segue foragido. O irmão do assassino, Jaisley Oliveira – que é policial civil – está preso e segundo a polícia tem envolvimento no crime.

“A morte do meu filho não pode ficar impune como acontece com a maioria dos crimes neste estado. Estou otimista que a justiça vai acatar o pedido do Ministério Público para que seja feita a reconstituição do crime. A sociedade precisa dar as mãos e estar unida na cobrança de justiça”, relatou.

Já se foram vinte dias desde a morte do médico José Alfredo Vasco e a família espera a conclusão do inquérito pela polícia. Não há presos ou acusados pelo crime ocorrido por um motivo fútil: o roubo de uma bicicleta. O crime ganhou repercussão pelas redes sociais e mobilizou a população que se posicionou indignada pela perda.

“Nossa família está aqui reunida para cobrar do estado uma punição para este crime. Estamos nos sustentando na possibilidade de que as câmeras de segurança da região possam identificar os assassinos e com isso haja a solução desta morte, que ainda é muito dolorosa para todos nós”, desabafou a irmã da vítima, Teresa Vasco.

A família do guarda municipal José Tenório, assassinado em janeiro do ano passado enquanto trabalhava, também esteve presente no manifesto. "Queremos que a polícia diga quem matou meu irmão. Tive que pagar, tirei dinheiro do meu bolso para descobrir quem matou ele. Até hoje o crime está impune e a polícia disse que ele morreu porque tinha problemas. Mas eles estão enganados, meu irmão nunca usou a força e iria se aposentar esse ano", afirmou o irmão da vítima, Cícero Tenório.

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