'Não pensava em morte’, diz modelo após enfrentar câncer no cérebro

20/05/2012 19:23 - Celebridades
Por Redação

“Eu não pensava que ia morrer”, diz o modelo e administrador de empresas Daniel dos Santos Mata, de 28 anos, após ter passado por três cirurgias e enfrentado um ano de tratamento contra um câncer na cabeça. O jovem, que é de Cristalina, cidade goiana do Entorno do Distrito Federal, foi diagnosticado com um meduloblastoma no crânio, um tipo raro de câncer que ocorre com mais frequência em crianças. Da descoberta da doença, na véspera do Natal de 2010, até o final do ano passado, o modelo foi submetido a tratamentos intensos de quimioterapia e radioterapia.

“Foi uma fase muito difícil na minha vida, até porque na minha família nunca houve ninguém que fosse diagnosticado com câncer. Mas eu tive o apoio total da minha família e sempre pensei positivo”, declara. Há quatro anos trabalhando como modelo, Daniel explica que seu principal foco, agora, é tentar retomar a carreira, interrompida no dia em que soube da doença.

"Aos poucos estou voltando. Em março deste ano, comecei alguns trabalhos, mas não é fácil. Lembro que na época em que eu tive de parar, tinha um desfile para fazer em São Paulo e alguns outros compromissos que tiveram de ser cancelados. Além disso, precisei me afastar da agência para a qual trabalho. Apesar de acharem ruim, a empresa me deu muito apoio", diz.

Daniel conta que sentia muitas dores de cabeça antes da descoberta do câncer. Foi por várias vezes ao médico e chegou a ser orientado a tomar medicamentos contra uma possível sinusite: “Foi então que, depois de um tempo tomando os remédios, eu vi que não melhorava. O médico me pediu uma ressonância e descobrimos o câncer", conta ele.

Após 15 dias de a doença ter sido diagnosticada, Daniel fez sua primeira cirurgia para colocar uma válvula interna no cérebro. O aparelho, que passa pela cabeça e vai até o intestino, será usado por toda a vida: “Foi uma cirurgia que durou cerca de duas horas e meia. Essa válvula foi colocada para, caso surja algum coágulo no cérebro, algum acúmulo de água, ela possa sugá-lo e levá-lo até o intestino, quando será expelida. Eu vou usá-la a vida inteira, mas ela não me incomoda, ninguém a vê [a válvula é totalmente interna] e é como se eu não tivesse com ela”.

Cirurgias
O modelo ficou cinco dias internado em um hospital de Brasília e depois retornou para casa, em Cristalina. Medicamentos e repouso fizeram parte do pós-operatório do jovem, que, após 25 dias voltou ao hospital para a realização de uma nova operação. Essa, com duração de nove horas, foi para retirar 60% do tumor.

Descanso e cuidados por mais um mês e a terceira cirurgia foi realizada com sucesso - desta vez foram 11 horas no centro cirúrgico para extrair o restante do tumor.

Além disso, as cirurgias resultaram ainda em uma cicatriz na cabeça do modelo, que levou 39 pontos. Ele garante que a cicatriz, apesar de ser vísível, não o atrapalha nos trabalhos: "É claro que não é a mesma coisa, mas, como ela fica na parte de trás da cabeça, não me incomodo. Além disso, ela não aparece nas fotografias", diz.

O neurocirurgião Luis Augusto Dias, responsável pelo tratamento, explica os procedimentos adotados no caso do modelo. "Dependendo do tamanho ou gravidade do tumor, é necessário mais de uma cirurgia, como foi o caso do Daniel", diz. "O que acontece é que uma parte do tumor não estava acessível e precisamos realizar outras cirurgias. O cerebelo, onde o tumor se localiza, fica perto do tronco central. Então, se o médico não sabe até onde pode ir, é melhor parar e começar outra operação”, explica o médico.

Após este período, o modelo ainda ficou internado por cerca de um mês e, depois de receber alta, a cada 15 dias tinha de voltar ao hospital para realizar as sessões de radioterapia e quimioterapia.

Ao todo, segundo ele, foram 31 sessões de radioterapia e quatro ciclos de cinco aplicações de quimioterapia. O tratamento -- "bastante doloroso", como diz -- foi sentido pelo modelo cristalinense. “Com a radioterapia, principalmente, eu tive muitas reações. Sempre passava mal, não comia direito e vomitava muito”, conta Daniel.

Recomeço
A luta contra o câncer fez com que Daniel perdesse 29 quilos: “Eu tenho 1,92 metro, e, na época, pesava cerca de 90 quilos. Fiquei muito magro, mas já consegui recuperar 15 quilos com uma dieta rigorosa estabelecida por um nutricionista”, comemora. A expectativa, segundo ele, é de que quando a forma física voltar ao normal, mais oportunidades de trabalho apareçam. "Agora que estou recomeçando, preciso voltar ao meu corpo para que os trabalhos surjam mais facilmente. Mas não tenho do que reclamar. Estou tendo boas oportunidades", diz.

Após um ano inteiro de tratamentos, Daniel se sente totalmente recuperado e pronto para iniciar uma nova vida. “Foi muito difícil. Eu fiquei um ano inteiro praticamente dentro do hospital, indo e vindo, mas aos poucos estou colocando as coisas novamente no lugar e voltando a fazer o que eu gosto.”

Para ele, uma das armas para superar dificuldades como essas é a força de vontade: "Acho que não é a doença que mata a pessoa e, sim, o fato dela se entregar. É claro que ninguém é o mesmo diante de uma situação assim, mas você não pode deixar se abater ou cair em depressão. Se conseguir fazer isso, já é um grande passo para a recuperação".

Daniel lembra que, quando soube da doença, além de ter tido muito apoio de parentes, amigos e colegas de trabalho, ele procurou levar a vida da forma mais natural possível. "Eu não ficava dentro de casa sofrendo. Eu saía com os amigos para me distrair. Esse é o segredo: não se entregar", aconselha.

O câncer
De acordo com o médico de Daniel, o meduloblastoma é uma doença grave de tipo raro que atinge o cerebelo, parte do cérebro responsável pelo equilíbrio. Apesar de ser mais comum em crianças, o medulobastoma também atinge pessoas jovens. “Existem dois picos da doença, um acontece quando crianças, então estabiliza-se um pouco na adolescência, e depois ocorre o segundo pico nos jovens. Porém, mesmo sendo um câncer raro, a doença pode ser diagnosticada em qualquer pessoa”, afirma Dias.

Para falar em cura definitiva da doença, explica o neurocirurgião, ainda é necessário que o paciente tenha acompanhamento médico por um período de, pelo menos, cinco anos: “Mas é certo que Daniel está recuperado”, diz.

Como afeta o órgão responsável pelo equilíbrio, é comum, segundo o médico, que o paciente sofra, mesmo após a retirada do tumor, com uma pequena dificuldade de equilíbrio. “Não se trata especificamente de uma sequela, uma vez que não é resultado do procedimento cirúrgico, ou seja, o paciente já chega assim. O desequilíbrio é um dos sintomas da doença, mas, no final, a parte do cerebelo que não foi afetada tem uma capacidade de ajudar a atingida, o que diminui o problema”, explica Luis Augusto.

Para Daniel, o segredo da recuperação é não se entregar: "Acho que não é a doença que mata a pessoa e, sim, o fato de ela se entregar. É claro que ninguém é o mesmo diante de uma situação assim, mas você ter força de vontade, não deixar se abater ou cair em depressão já é um grande passo para a recuperação. Quando soube da doença, além de ter tido apoio de todos, o que é fundamental, eu procurei levar a vida da forma mais natural possível, eu não ficava dentro de casa sofrendo, eu saía com amigos para me distrair. Então, esse é o segredo: não se entregar".

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