Uma vinda do Duran Duran ao Brasil era rara tempos atrás. A banda veio em 1988, passou em branco nos anos 90 e só voltou em 2008. Agora, após show no festival SWU, em Paulínia (SP), em novembro do ano passado, o grupo inglês toca nesta semana em Brasília, no Rio e em São Paulo.
Em entrevista por telefone ao G1, o baixista John Taylor adianta o repertório ("não vamos tocar 'Save a prayer'"), diz que tocar "Rio" no Rio é "exatamente a mesma coisa" que em qualquer outro lugar e comenta sua recém-lançada autobiografia e a relação com as fãs nos anos 80. "Passei por momentos aterrorizantes. Tivemos sorte de não ter acontecido um problema maior, uma catástrofe. Parecia perigoso", lembra.
G1 - O que o show terá de diferente e de parecido na parte de cenário e estrutura em relação ao show do DVD 'Diamond in the mind'?
John Taylor - Isso não é problema meu... Eu não sei como vai ser quando chegar aí. São decisões que não têm nada a ver comigo. É o Nick (Rhodes, tecladista) quem está por dentro de como será a tecnologia de cada show. Eu sei que ele sempre vai se esforçar para fazer algo especial. O resto da banda se concentra na parte musical. Só pensamos em cantar as músicas. Queremos fazer o melhor show que o Duran Duran já fez no Brasil.
G1 - Quais músicas não podem faltar e quais hits vão ficar de fora?
John Taylor - Sempre tocamos "Ordinary world". Outra provável é "Rio". Mas sempre existem aquelas músicas que as pessoas vão falar "ei, como assim vocês não tocaram essa?", sabe? Desta vez, não vamos tocar "Save a prayer". Não há tempo para tocar todas as músicas de todos os discos. É complicado. Vamos tocar mais o "All you need is now" [CD de 2010].
G1 - Tocar 'Rio' no Rio é diferente ou dá na mesma?
John Taylor - Nossa, é bem diferente [risos]. Mentira, é exatamente a mesma coisa. Mas tem uma espécie de conexão com a cidade, claro.
G1 - Como surgiu a ideia de chamar seu livro de 'In the Pleasure Groove: Love, Death and Duran Duran' ['No groove do prazer: amor, morte e Duran Duran']?
John Taylor - Demorou um pouco, foi a quarta opção de título. Quando fui escrevendo percebi que minha história tem a ver com alguém que se tornou viciado pelo prazer. O livro é sobre os pontos altos e baixos, é sobre a dor e o prazer. Também queria algo que tivesse a ver com tocar baixo, então veio a palavra "groove". Você fica meio preso no groove, não importa se ele é bom ou ruim. Então a ideia é meio que ficar preso no groove do prazer.
G1 - O que você escreveu no livro que nunca tinha contado para alguém?
John Taylor - Há muita coisa que eu disse apenas para pessoas próximas. É uma oportunidade de falar sobre ter crescido durante os anos 70. Ninguém tocava música na minha casa. Eu tive que buscar por conta própria. Conheci o Nick [Rhodes], formamos a banda e tudo deu certo, principalmente nos anos 80. Depois, tive que aprender a lidar com a fama. Se não tivesse aprendido a ser uma pessoa real, eu iria virar um desses ex-popstars decadentes. Aprendi a ser um homem de 30 anos, perdi meus pais... O livro é para contar essa experiência.
G1 - Você passou por momentos com fãs em que pensou que tudo poderia fugir do controle? Já teve medo dos fãs?
John Taylor - Passei por momentos aterrorizantes. Nos Estados Unidos, em 1984, foi insano. Tivemos sorte de não ter acontecido um problema maior, uma catástrofe. Era um nível alto de loucura e de popularidade. Os ginásios estavam tão cheios, tinham tanta gente, milhares e milhares de pessoas... E todas estavam malucas. Parecia perigoso.
G1 - Os cabelos do Duran Duran já foram muito copiados. Será que hoje há uma falta de bons visuals no pop rock?
John Taylor - Hoje não é tão fácil inventar moda, tanta coisa já aconteceu na música pop. Os anos 70 eram bons tempos para se inventar um corte de cabelo... Fica difícil citar um artista do rock que realmente tenha um visual inovador, como se buscava antes. Hoje, eles só querem usar camisa branca e jaqueta preta. Eles são muito "clean". A música vai pelo mesmo caminho, não é tão interessante como era antes.
G1 - Você já disse que sua filha não gosta muito de Duran Duran, ela ainda pensa assim?
John Taylor - Não é exatamente isso. Ela não é uma grande fã, mas tem orgulho do pai dela. Ela já foi ao Coachella [festival americano] duas vezes e gosta das músicas que gente da idade dela gosta [tem 20 anos]. Às vezes gosto do que ela houve, outras vezes me dá dor de cabeça.
G1 - O que te faria deixar a banda?
John Taylor - Boa pergunta. Meu Deus, não sei. Eu não estou pronto para deixá-los de novo [ele saiu da banda em 1997 e voltou em 2001]. Vamos fazer mais um disco de inéditas em breve, nos importamos uns com os outros. Gostamos de fazer música juntos e gostamos um da companhia do outro. Vamos ficar em turnê até setembro e aí começamos a pensar no novo álbum. Pode ser que seja com o Mark [Ronson, produtor] de novo. Ele está disponível.
Duran Duran no Brasil
Brasília
Onde: Centro de Convenções Ulysses Guimarães - SDC Eixo Monumental - Lote 05 - Ala Sul
Quando: 28 de abril (sábado), às 22h
Ingressos: R$ 250 (pista premium, lote 1), R$ 275 (pista premium, lote 2), R$ 140 (pista, lote 1), R$ 160 (pista, lote 2) e R$ 110 (arquibancada)
Rio de Janeiro
Onde: Citibank Hall – RJ - Av. Ayrton Senna, 3000 - Shopping Via Parque - Barra da Tijuca
Quando: 30 de abril (segunda-feira), às 21h30
Ingressos: R$ 400 (camarote), R$ 280 (poltronas), R$ 180 (pista) e R$ 360 (pista premium)
São Paulo
Onde: Credicard Hall - Av. das Nações Unidas, 17.981 - Santo Amaro – SP
Quando: 2 de maio (quarta-feira), às 21h30
Ingressos: R$ 500,00 (camarote 1), R$ 400 (camarote 2, pista premium), R$ 200 (pista), R$ 170 (plateia superior 1), R$ 150 (superior 2), R$ 130 (superior 3) e R$ 110 (visão parcial)