Impunidade: Morte de funcionário da SMTT completa um ano sem punição

17/04/2012 02:24 - Maceió
Por Redação

No último dia 14, o caso da morte do técnico em sinalização semafórica da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), Josenildo da Silva, 35, completou um ano sem que o acusado fosse julgado. O técnico foi atropelado enquanto fazia a manutenção em um semáforo, na Avenida Fernandes Lima, no bairro do Farol.

Josenildo ainda ficou seis dias em coma no Hospital Geral do Estado (HGE), mas acabou morrendo.O responsável pelo atropelamento seria o policial civil, Robson Elias Calheiros, 52, que estava embriagado e na época, era lotado na Delegacia de Acidentes.

O Cadaminuto entrou em contato com o irmão da vítima, Gerson da Silva que afirmou que a família ainda não perdeu a esperança de que o acusado vá a júri popular.

“A última notícia que a família teve sobre o caso foi há três meses. O inquérito voltou para a delegacia, após a promotora Marluce Caldas solicitar novas oitivas. Esta semana vou falar com o secretário adjunto da Seds, Paulo Cerqueira para solicitar uma audiência com a promotora”, informou.

Gerson disse lamentar as brechas na lei que permitem que o acusado continue solto e contou que devido ao constrangimento, a família pediu para que o policial fosse transferido da delegacia, destacando que os parentes do acusado são influentes e por isso o crime continua sem solução.

“A gente acabava encontrando com o esse policial na delegacia. Nossa esperança é que ele seja punido, pois foi considerado que houve dolo eventual. Mas, a família dele é influente, quer desqualificar o crime. O irmão dele trabalha no fórum e é casado com a filha de um promotor”, lamentou.

Delegacia

A reportagem entrou em contato com a Delegacia de Acidentes e foi informada, por um agente, que o inquérito havia sido remetido à justiça. “O policial que causou o acidente foi afastado e está prestes a se aposentar. Ficou provado que ele estava embriagado quando atropelou a vítima”, afirmou o agente.

Nota da SMTT

Na época, a SMTT emitiu uma nota lamentando o ocorrido: A Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), por meio do superintendente, José Pinto de Luna, e de todos os servidores que compõem os quadros deste órgão, se solidarizam à perda e a dor dos familiares do técnico em sinalização semafórica, Josenildo da Silva (35), cujo falecimento ocorreu às 09h40min, desta quinta-feira (14), no Hospital Geral do Estado (HGE), após seis dias em estado de coma, vítima de um brutal atropelamento quando, no exercício de suas funções, fazia a manutenção de um dos semáforos da Avenida Fernandes Lima. Este foi mais um crime praticado pela irresponsabilidade e flagrante desrespeito à lei, onde o dolo contra à vida humana ficou caracterizado, mesmo de forma eventual, na medida em que o condutor do veículo encontrava-se em total estado de embriaguez, assumindo o risco de produzir o resultado letal, como de fato aconteceu.

Funcionário exemplar, Josenildo da Silva, era casado e pai de um casal de filhos menores. Deixa viúva grávida do terceiro filho, deixa também um vazio imenso em todos os servidores da SMTT que, de forma direta ou não, conviveram com ele e são unânimes em ressaltar a imensa falta que ele fará. Não apenas como profissional altamente qualificado, responsável e competente, mas, sobretudo, como amigo honesto, humilde, tranquilo e abnegado ao trabalho e à família. “O Jô era uma dessas pessoas que não media esforços para cumprir suas tarefas dia e noite. Será difícil de ser substituído”, afirmou Fernando Ramos, amigo e companheiro de trabalho.

Por ironia, o homicídio, em tese, doloso, foi cometido por um agente da Polícia Civil, Robson Elias Calheiros (52), que deveria zelar pelo cumprimento explícito da lei. Ingerir bebidas alcoólicas e conduzir veículos é tão perigoso, e nocivo à sociedade, quanto às demais práticas criminosas que acarretam em morte. O descumprimento à “lei seca” tem como resultado mais cruel, a ceifa prematura da vida de pessoas inocentes, vítimas da irresponsabilidade de alguns e da impunidade, na maioria dos casos. O superintendente Pinto de Luna, bem como os servidores da SMTT, estão imbuídos no propósito de que este não seja mais um caso que estanca no sofrimento e na dor, e que a morte inesperada de um servidor tão querido e competente, definitivamente, não caia no esquecimento e na impunidade.

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