Chávez traiu Farc para proteger seu regime, diz WikiLeaks

10/03/2012 01:20 - Brasil/Mundo
Por Redação

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, traiu em 2011 as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), para moderar o nervosismo de generais da Força Armada Bolivariana após a captura na Colômbia de Walid Makled, segundo e-mails divulgados por WikiLeaks e analisados por El Nuevo Herald.

O jornal de Miami afirma que segundo essas mensagens de membros da agência Stratfor, altos oficiais das Forças Armadas pressionaram Chávez para que negociasse com o governo de Juan Manuel Santos a extradição de Makled a Caracas, perante a tentativa dos EUA de julgá-lo em seu território.

Como parte dessa pressão, Chávez ofereceu sacrificar as Farc com a entrega e a expulsão de líderes da guerrilha, segundo esses e-mails, parte dos mais de cinco milhões da companhia de análise de risco Stratfor divulgados recentemente por WikiLeaks.

Makled foi capturado na Colômbia e extraditado em maio de 2011 a Caracas, apesar do empresário venezuelano também enfrentar uma solicitação de extradição de Washington por narcotráfico. O detido tinha dito em várias ocasiões que estava disposto a colaborar com os Estados Unidos para evitar a extradição a seu país.

Após sua prisão, Makled disse que vários altos funcionários de Chávez recebiam dinheiro dele, incluindo altos oficiais das Forças Armadas, e acusou o Exército venezuelano de estar diretamente envolvido no transporte de droga.

Segundo relata o jornal citando as mensagens de Stratfor, estes altos oficiais temiam ser julgados nos EUA se Makled fosse enviado a Washington, onde poderia negociar seu depoimento em troca da redução de sua sentença.

"Altos membros do governo poderiam estar traçando planos de contingência para proteger seus ativos e a eles mesmos", acrescentam os relatórios, afirmando inclusive que Chávez temia um golpe de Estado.

Estes funcionários temiam que Makled tivesse em seu poder "valiosas gravações de transações incriminando altos integrantes do Governo venezuelano com operações de lavagem de dinheiro, narcotráfico, e talvez terrorismo".

Também achavam que ele poderia dar informações detalhadas sobre a conexão entre entidades do Estado com o narcotráfico, a crescente relação da Venezuela com o Irã, e em particular a presença no país, com "autorização de Chávez", da Guarda Revolucionária e da Força Qods, de acordo com o jornal.

"Quando Stratfor começou a receber informações de que os militares venezuelanos tinham começado a desmantelar silenciosamente os acampamentos das Farc empurrando seus membros à Colômbia através da fronteira, era evidente que Bogotá estava em posse de algo que colocaria Chávez na linha", diz um dos relatórios.

Segundo a publicação, Santos utilizou essa vantagem para arrancar a promessa de deixar de apoiar guerrilha colombiana, com o sinal verde de Washington.

"Não está totalmente claro quais foram exatamente as demandas apresentadas pela Colômbia, mas a Colômbia deu à Venezuela uma lista dos mais altos líderes guerrilheiros que eles querem que sejam extraditados", afirma o autor de um dos relatórios, que acrescenta: "Tal como minha fonte afirma, Santos não é tão ingênuo".

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