Após saída de Renata, especialista diz que mulheres causam machismo

09/03/2012 02:45 - Celebridades
Por Redação

Na semana da mulher, cujo dia internacional é comemorado nesta quinta-feira (8), a sister Renata saiu do Big Brother Brasil 12. No tradicional discurso de eliminação que sempre faz, o apresentador Pedro Bial levantou a questão sobre o jeito que a mulher é vista pela própria sociedade e por ela mesma: "o machismo ainda viceja e floresce, entre as mulheres", dando a entender que foi isso que expulsou a sister da casa.
Mensagens para confirmar a teoria de Bial não faltaram. No Twitter, por exemplo, era comum ler: "menos de 24 horas que a Renata saiu do BBB quantas pessoas será que ela já pegou?" ou "Renata existe uma grande diferença entre viver intensamente e ser vulgar". Para a historiadora Mary Del Priore, uma das maiores especialistas em questões femininas do País e autora de vários trabalhos sobre o assunto, o machismo costuma ser fomentado pela própria brasileira.
Isso porque, segundo ela, aquela que critica é a mesma que não deixa o marido lavar louça ou o filho arrumar a cama. "Esta mulher também gosta de ser chamada de tudo o que é comestível, como gostosa e docinho, e ainda taxa qualquer outra que seja independente e intelectual de sapata", explicou.
Na saída da casa, durante uma rápida entrevista que deu ao apresentador, Renata contou achar que os telespectadores do programa julgam muito quem está lá dentro. "Fiquei com o Jonas, tive uma amizade enorme com o Rô e fiquei com o Rafa. Você acha que aqui fora, em dois meses, isso não aconteceria?", questionou.
O próprio Rafa, ex-affair de Renata e eliminado do reality show uma semana antes da sister, afirmou para a apresentadora Ana Maria Braga, durante participação no Mais Você, que as pessoas julgaram demais a sister. "Afinal, quem nunca foi em uma micareta e ficou com mais de um?", perguntou, se referindo ao fato da estudante mineira ter beijado dois brothers dentro do confinamento.
Vale lembrar que o modelo Jonas também ficou com duas pessoas e não foi alvo dos mesmos comentários. Segundo a historiadora, mulheres que saem do padrão de sexualidade sacramentado pela sociedade de "normal" costumam ser taxadas como ninfomanas. "Até os anos 70, por incrível que pareça, elas eram estudadas por médicos e até mesmo internadas em hospícios", contou.
Para Mary, a própria música popular brasileira ajuda a sacramentar esse machismo no País. Para exemplificar, ela citou a música Minha Namorada, de Vinicius de Morais: "nela, o autor usa todos os tipos de diminutivo para caracterizar a namorada perfeita: tem que falar com voz mansinha, devargazinho. No entanto, aquela mulher que sair do padrão, e 'dar' para valer, essa, segundo a letra da música, vai ter o destino triste do caminho de nós dois. Ele faz bem essa diferença".
E haveria chance desse "machismo feminista" diminuir? A historiadora acredita que não. De acordo com Mary, isso durará enquanto a brasileira continuar se olhando apenas pelo olhar do homem. "E enquanto nossa maior preocupação for continuar sendo a gostosa, a docinho, a sedutora, num claro descompasso com os países educados, onde as mulheres tem outra postura", finalizou.

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