Alagoas terá mais R$ 1,146 milhão para intensificar o combate às doenças negligenciadas – também chamadas de doenças em eliminação. A verba, liberada pelo Ministério da Saúde (MS), tem como finalidade fortalecer a atuação junto aos municípios para vigilância e controle da hanseníase, esquistossomose, tracoma e geohelmintíases.
O Estado é o sétimo da lista em volume de recursos, vindo atrás de Maranhão, Pernambuco, Pará, Bahia, Ceará e Mato Grosso. Ao todo, serão liberados quase R$ 26 milhões para ações em todo o País. Para receber os valores, as administrações municipais assinaram termos de compromisso para reduzir os índices relativos às enfermidades em questão.
Entre as ações acordadas, estão a realização de exames de detecção e a disponibilização de tratamento de 100% dos pacientes, que deve ser feito na rede de atenção básica. Também devem ser promovidos inquéritos com estudantes e com a população em geral para descobrimento das doenças, além de notificação e investigação das formas graves.
O gerente de Agravos não transmissíveis e Fatores Ambientais da Secretaria de Saúde (Sesau), Charles Nunes, destaca que ficará sob responsabilidade do Estado o monitoramento e o auxílio para que os planos sejam cumpridos. “Também estamos fazendo visitas para sensibilizar os gestores com relação ao tratamento, que pode ser feito até pelo Programa de Saúde da Família”, diz.
Ele ressalta que os recursos foram liberados pelo MS por meio da Portaria 2556, que dará um incentivo, em valores prefixados, para o combate à esquistossomose, tracoma, geohelmintíases e hanseníase – para esta última, apenas Maceió receberá verbas. “Foi o único município alagoano que se encaixou nas exigências do órgão”, esclarece.
Consideradas endêmicas junto à população de baixa renda, as doenças negligenciadas são causadas por agentes infecciosos ou parasitas. “Desde o último ano, já vínhamos fazendo um trabalho de intensificação, principalmente com relação à esquistossomose. O problema é que nem sempre o município fornece o tratamento na atenção básica”, acrescenta Charles.
Ao todo, 35 municípios com prevalência de mais de 10% receberão a verba para o controle da doença. De acordo com dados da Sesau referentes a outubro de 2011, as cidades que apresentam os maiores índices são Rio Largo, Cajueiro, Atalaia, Pindoba, Igreja Nova, Capela, Feira Grande, São José da Laje, Lagoa da Canoa e Jequiá da Praia.
Tracoma
Doença oftálmica altamente contagiosa e de etiologia bacteriana, o tracoma é causador de comprometimentos na córnea e na conjuntiva. Além de provocar fotofobia, dor e lacrimejamento, também por levar à cegueira e é transmitida por contato direto com olhos, nariz e secreções bucais de indivíduos afetados ou com objetos que tiveram contato com essas secreções.
Segundo o gerente de Agravos não transmissíveis e Fatores Ambientais da Sesau, Alagoas também vai ganhar um incentivo para combater o mal. “O Ministério da Saúde vai liberar mais R$ 40 mil para o trabalho com os municípios”, expõe ele, lembrando que um levantamento da ocorrência da enfermidade no Estado também será realizado.
Charles Nunes acrescenta que, com os recursos, serão contratados profissionais para percorrer as cidades e detectar a doença, que tem diagnóstico e tratamento simples. “O exame é fácil, requer apenas um exame de vista, e o tratamento também, já que feito com azitromicina, um medicamento fornecido pela rede pública de saúde”, diz.
Já a geohelmintíases é uma parasitose parecida com a esquistossomose e cujo controle se faz pelo destino adequado dos dejetos humanos e pela educação sanitária visando o cuidado com a limpeza e a origem dos alimentos consumidos.

Maceió