Levei um tempo para escrever desde o anúncio de sua partida para Minas Gerais.
Precisava coordenar palavras, arrumar idéias para ressaltar a incomensurável importância do parceiro, Marcílio Barenco, Delegado Geral da Polícia Civil do estado de Alagoas, nas muitas ações do Projeto Raízes de Áfricas, um braço do movimento social negro.
A Polícia Civil, sob a gestão de Marcílio Barenco  criou canais de diálogo com o movimento social negro, em Alagoas, através do Projeto Raízes de Áfricas, como estratégia de controle social.
Estabelecemos novas redes de interlocução visando à implantação de um processo interno e multiplicador de conscientização do combate ao racismo nos espaços policiais.
A convite de Barenco muitos policiais civis participaram dos nossos espaços de formação e multiplicavam as informações entre seus pares.
Obrigada pela dedicação constante dos policiais civis Edvaldo, Alex e da Diretora da Academia de Polícia de Alagoas (Apocal), delegada Simone Marques
Entre muitos ofícios, parcerias profícuas, e conversas rasgadas de significados desfrutamos o prazer incontestável de lidar com um homem e sua história de vida.
História que muito emocionou os meninos e meninas do Colégio Militar Tiradentes quando de sua participação no Encontro “Agenda Social de Diálogos Alagoanos sobre Segurança Pública e a Promoção da Igualdade Humana: Conseguiremos?!?”, promovido pelos Raízes de Áfricas, com o apoio da Federação do Estado de Alagoas, Secretaria de Estado e Defesa Social e Direção Geral da Polícia Civil.
Muitos seus fãs ficaram encantados por conhecer, pessoalmente, o homem que se tornou lenda, nas bandas de cá.
Saiba, meu querido amigo, que você é personagem principal de um capítulo excepcional na criação de possibilidades. Possibilidades para interpretação nos espaços de poder, do racismo insidioso que assume a identidade da miscigenação, a tal e decantada crença da democracia racial brasileira.
Você acrescentou um lugar de significados ao sair das zonas conceituais de conforto da segurança pública alagoana, investindo em uma tema “incomodo” e “desconfortável” para o sistema, como o é o racismo nas policiais.
Um aliado fiel nos tempos fartos da caminhada e nos períodos não tão fáceis. O aliado do abraço e que me dizia: Pode contar comigo em sua luta!
A sua amizade não tem preço, Barenco!
Lembro de um dia (2009) no retorno para casa ouvi ,no rádio do carro, a notícia (Hora do Brasil) de que a Secretaria Especial de Políticas para Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR estava destinando um montante de recursos para os estados que assumissem a adoção de Delegacias Especializadas para Crimes Raciais, entusiasmada pela descoberta, liguei para o seu celular ,e coincidentemente você tinha ouvido a mesma notícia e estava ligando para mim. Aprendemos a ter a sintonia, a cumplicidade de idéias.
E, bem sei que você buscou caminhos para visibilizar a idéia da Delegacia. Teoricamente ela já existe (saiu em Diário Oficial e tudo), mas sei das grandes limitações do ser gestor...
Claro, tínhamos discordâncias, mas aí e que residia a nossa igualdade: aprendemos a respeitar nossas diferenças.
Conhecer você, delegado Marcilio Barenco foi um acréscimo de múltipas descobertas ao nosso ativismo na questão racial.
Um amigo que em tempos pálidos de pessoas, se manteve firme e vestiu-se de solidariedade e espaços.
Temos a certeza que sua competência escreverá, em Minas Gerais, novos e singulares capítulos de alto profissionalismo.
Obrigada Barenco, mas não se avexe de saudades, como nossa vida é movimento constante, possivelmente, estaremos, em co-autoria com a jornalista Mônica Aguiar , protagonizando um encontro afro em Minas e como você bem sabe vamos precisar de parceria...
Obrigada parceiro de Honra ao Mérito Guerreiro Quilombola
Obrigada amigo!
Até a vista!