A mulher, uma quase menina chora, com lágrimas grossas de dor, a morte do companheiro agora coberto com uma lona parda da invisibilidade social.
A lágrima da menina invade a emoção de alguns passantes, outros indiferentes a carnificina nas terras de Palmares, olham, sem ver, e seguem adiante.
A menina chora a perda do seu homem. Viventes das perigosas ruas, da grande Maceió aprenderam cedo a viver como agressores e agredidos.
Uma sobrevida letal.
São os inimigos da ordem moral, aquela que coabita os discursos oficiais, mas não encontra esteio na prática cotidiana.
O estado é hostil a sociedade que convive com o permanente êxodo dos direitos: preto e pobre é “tudo marginal” reza a cartilha dos homens “doutos”.
O estado abandona seus cidadãos traçando uma simbólica linha divisória, o apartheid geracional, entre os ‘suspeitos” e “não suspeitos”, propagando a hierarquia das relações sociais, na hegemônico e contemporâneo território de Cabral.
É a perpetuação dos estereótipos como a face visível da construção dos muros institucionais.
A mulher- quase uma menina- chora com lágrimas grossas de desespero a orfandade do companheiro, parceiro dos tortuosos caminhos das ruas da capital, Maceió e como tant@s não tem muito a comemorar no Dia Nacional da Consciência Negra.
Amanhã?
Amanhã é outro dia...

Raízes da África