A República dos Marechais abriga uma multidão de miseráveis esquecidos, como massa descartável.
São milhares de homens, mulheres e crianças, maltratados sobreviventes da violência estrutural das águas de junho de 2010.
Na pressão da penúria social.
São homens, mulheres e crianças, uma imensa população segregada, que experimenta a letal estreiteza dos espaços da cidadania, realimentando um sofrimento indizível de quem não tem para onde ir.
O povo sobrevivente das enchentes em Alagoas ocupa papel diminuto na agenda estatal, que empurra para 2012 a solução política para a devastação humana, que ocorre nas barracas de lona.
Barracas de lonas plantadas entre a aridez do nada e o sol escaldante do canto nenhum.
De tanto esperar pelas casas que nunca chegam o povo, aprisionado na humilhação das carências e escassez extremas, desespera e faz o caminho de volta.
Migra para o lugar-lar devastado pela chuva.
Desenraizado de seus lares os sobreviventes da hecatombe política habitam em zonas de cadáveres insepultos.
O abandono do estado exerce papel capital na coisificação do indivíduo.
É a delimitação de territórios.
O exílio da pobreza!