O racismo brasileiro exercita sua capacidade de camaleão poliglota, cria músculos e sobrevive incólume tranvestido dos “não-era-bem-isso-que-eu-queria-dizer”.
O racismo brasileiro se apropria da nossa porção européia “herdada” d@s colonizador@s e regurgita o poder dominante. Marca posição ao sair do casulo de “bom moço” impondo uma identidade coletiva: Negro não pode!
O racismo brasileiro é um fator de divisão sócio-étnico, o apartheid estético entre o feio e o bonito, o bom e o mal, o superior e o inferior.
O racismo brasileiro quer nos seqüestrar o sentimento de pertença, investindo no pensamento único, uma mesma história social e política.
O racismo brasileiro é extremista e veste palavras e gestos ofensivos que dilaceram e matam.
O racismo brasileiro é um holocausto contemporâneo. Hierarquiza e discrimina.
A hierarquização sócio-étnica que reconta a meninos e meninas nas escolas das terras de Cabral, a história do “Patinho Feio”. O patinho é feio e preto, e por ser diferente é rejeitado pela família e pelos outros patinhos-irmãos que são brancos.
O racismo brasileiro quer nos escravizar ao conceito de nação “racialmente democrática”, ao mesmo tempo em que investe ideologicamente na eliminação da auto-estima da população de pele preta, com a teoria do embranquecimento (que persiste pelos caminhos da mulatinha ou da quase-branca) e a beatificação da beleza d@s não-negr@s.
O racismo brasileiro estabelece estratégias para defender seus privilégios, nos tratando como ex-escrav@s: sai daqui seu/sua neguinh@ suj@, cabelinho de bombril, carvão, lama preta. Esse não é o seu lugar!
O racismo brasileiro se defende afirmando que não ofendeu as duas alunas do Colégio de Niterói, impedindo-as de transitar nos espaços de conhecimentos da Bienal do Livro. Não, não foi isso, disse o responsável pelo stand da Editora Abril, só as chamei de morenas escuras, quase negras!
A partir do Registro de Ocorrência, 77ª Delegacia de Polícia, em Niterói, sob o nº 077-05231/2011-01, o funcionário do estande da Editora Abril na Bienal do Livro, no Rio foi indiciado por racismo, no dia 12 de setembro pela doutora Adriana Belém, delegada titular da 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes)...
O racismo brasileiro está no banco dos réus.
Quem absorve!

Raízes da África