A Felicidade é um Direto adquirido dos filhos?

22/07/2011 06:38 - João Kepler
Por Redação
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Esta semana li um texto que traz uma incrível reflexão sobre esta nova geração de crianças e jovens (conectados). Como ele é muito longo, vou tentar refletir adaptando aqui um resumo meu do que a autora Eliane Brum (*) tenta nos alertar.

Pra começar é bom afirmar que sou fã dessa molecada da Geração Z (nascidas desde a segunda metade da década de 90, até os dias de hoje), falo sobre eles, estudo sobre eles e tenho 3 meninos em casa, como experiência prática.

Mas tenho que concordar que estamos “protegendo demais” essa meninada e achando tudo incrivelmente “lindo”.

O cerne da questão é que a Felicidade é um suposto “Direto Adquirido” dos filhos com isso estaríamos os protegendo de qualquer problema e percalços da vida, fazendo assim essa Geração que nasceu preparada e tecnológica em prováveis homens despreparados e depressivos, quando tem que enfrentar a vida.

De fato esta geração que está ai é mais Preparada do ponto de vista das habilidades, porque é capaz de usar facilmente as ferramentas da tecnologia, acesso fácil à cultura, porque são fluentes em outras línguas e porque já conhecem o mundo em viagens protegidas, enfim; Porém, são Despreparadas porque não sabem lidar com frustrações, porque despreza o esforço, porque desconhece a fragilidade da matéria “viver”. E por isso muitas vezes sofrem quando adultos, sofrem muito, porque foram ensinadas, mesmo que não intencional, a acreditarem que nasceram com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a conviver com a “dor”.

Esta geração que teve muito mais benefícios do que seus Pais, por exemplo, ao mesmo tempo, crescem com a ilusão de que a vida é fácil, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Pensam que já nasceram prontos, alguns chegam até a pensar que o mundo precisa conhecer ou reconhecer sua genialidade. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova, não muito animadora mensagem: Lá fora, tudo é cruel demais!

Nós Pais, ficamos muitas vezes ansiosos e angustiados para garantir que os nossos filhos sejam “felizes”. Fazemos malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues. É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para muitos, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo, que existe dificuldade, frustração e o esforço? Independente da condição financeira existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais? É realmente possível viver uma vida sem sofrer?

Esses mesmos jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas, onde o chefe ou o mercado seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece, porque, obviamente não acontece na vida real, sentem-se traídos, revoltam-se com a suposta “injustiça” e boa parte se emburra e desiste. Ficam frustados ou Depressivos.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola, roupas da moda, PlayStation3, SmartPhone ou um iPad é dizer de vez em quando: "Vai lá meu filho, você consegue” “Faz isso sozinho” “Conte sempre comigo, mas essa briga é tua". Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é, mas de forma amena: "Olha, meu dia foi difícil", "Estou pensando no que fazer". Porque fingir que está tudo bem SEMPRE e que tudo PODE, pode ser prejudicial a ele mesmo no futuro.

É claro que não concordo em transferir ao filho de forma precoce toda a carga negativa que trazemos das ruas, até porque isso pode gerar traumas irreversíveis, mas devemos prepará-los para enfrentar a vida como ela é. Eu particularmente já mostro aos meus filhos como é a realidade das coisas e como é importante ter um rumo logo cedo.

E você? O que pensa sobre isso? #PenseNisso! @JoaoKepler

Fonte Pesquisa: Eliane Brum, Repórter especial de ÉPOCA, ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de Jornalismo. É autora de “A Vida Que Ninguém Vê” (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e “O Olho da Rua” (Globo)

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