Alagoas é um estado equivocado em suas concepções de justiça social. As vísceras dos nossos jovens, muitos de pele preta ou parda estão sendo expostas nos varais das praças públicas. O rastro de sangue das notícias invade o arame farpado que construímos em torno de nossas almas, exaustas e apáticas.
 A morte de tantos jovens, na sua grande maioria pobres,pretos e analfabetos causa uma indiferença socialmente justificada: mexiam com drogas, eram dependentes, e etc,etc,etc.
Alagoas tem a cara cinza da indiferença social!
Alagoas é um estado em que a naturalização do racismo faz a turma do “vamos extirpar a pobreza” jogar a discussão do apartheid étnico para debaixo do tapete da Casa Grande.
O povo de Alagoas, dentre ele , preto e pobre  está órfão de políticas públicas. O que existe é um arremedo de evasivas sonoras, um ajustamento estratégico de datas emblemáticas com discursos vazios de tribuna. Nossos políticos assumem a cor da ocasião.
Em Alagoas temos a eterna discussão do faz de conta.
As desigualdades socioétnicas do estado , que um dia se encheu de Palmares e sonhos de liberdade são endêmicas, desde a pobreza secular às consecutivas invisíveis mortes de jovens, na sua grande maioria negra.
A pobreza em Alagoas é cultivada nos salões da Casa Grande, entre risos, convenções partidárias, escolha dos líderes, sempre homens, brancos, católicos, heterossexuais (?) que irão as Tvs e mostrarão uma enorme compaixão pela avassaladora pobreza dos muitos e invisíveis miseráveis de marre-marré-deci e oferecerão a gratuidade de exames clínicos.
Porque não investir numa cultura humanista como exercício público da democracia, ainda,  pregada nos borrões da história?
Ah! Quão falsa é essa alugada cidadania que tem o preço do voto costurado a fita métrica da nociva exploração do escravismo.
Alagoas é um estado esmagado pelas histórias “oficiais” que a elite bem educada, imperial e orientada para e pelo poder vai construindo , com tons e traços característicos, no imaginário da ampla massa excluída, tornando-a refém de suas próprias contradições: Cidadania ou vinte conto para levantar bandeira?
Alagoas é um cafundó em que as muitas enchentes afogaram o senso de pertencimento do povo de pele preta e parda.
Está difícil descobrir a República dos Palmares, além do 20 de novembro.
Existe?