A consulta custa R$ 70 e a fórmula que promete milagre sai por R$ 170, divididos em três vezes. Com uma câmera escondida, nossos produtores registraram uma consulta. O médico, doutor Anibal Marenga, dá a receita sem examinar a paciente.
Dois inibidores. Esse tira mais a fome geral e esse tira mais a compulsão.
Tem calmante aqui, doutor?
Tem, tem. Eu botei um pouquinho mais.
Essa é a melhor fórmula que tem.
Nós levamos a receita do doutor Marenga para a Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia no Rio. “Isso daqui é uma bomba. Inclusive a pessoa corre sério risco de vida. Nós temos duas anfetaminas, mais tranquilizante, mais um anti-depressivo, mais diuréticos e mais laxante. Isto aqui inclusive é proibido”, diz Vivian Ellinger, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia/RJ.
É proibido pelo Conselho Federal de Medicina, que fez uma resolução especialmente para vedar a combinação de anfetaminas com substâncias como diuréticos e laxantes. Tudo o que tem na receita do doutor Marenga.
No consultório, a secretária diz que ele não deve demorar e que já há clientes esperando. Pouco depois ela sai para telefonar na loja ao lado e dispensa os pacientes.
Por telefone, Carlos Alberto Marenga diz que existe uma liminar na Justiça para liberar a fórmula proibida. Ele defende que a associação de vários medicamentos, como tranquilizante, anfetamina, laxante e diuréticos não faz mal ao paciente, mas não mostra nenhum documento.
O Conselho Regional de Medicina do Rio vai investigar a denúncia sobre a prescrição de fórmulas proibidas para emagrecer. “Perder peso, mas de uma maneira definitiva. Essas associações você perde rapidamente e ganha ainda depois que para muito mais rapidamente. Então isso não resolve o problema”, afirma Luís Fernando Moraes, do Conselho Regional de Medicina/RJ.
“Se for uma pessoa jovem, que não tiver nenhum problema de saúde, pode ser que ela consiga não morrer, mas ela corre sérios riscos, com certeza”, garante Vivian Ellinger.